quarta-feira, 23 de março de 2011

ROBSON BAUER - Publicado em 19 de Março de 2011




















Quantos tem a oportunidade de escrever a história do futebol de Mesa, sem dar ao menos um único rabisco ? Quantos podem reunir numa série como o GOTHE CROMO GOL um conjunto de notáveis botonistas, alguns repletos de títulos e outros simplesmente repletos de histórias ? Quantos Web-leitores de tantos blogs e sites podem acessá-los reunidos num único lugar ? O agronomo Robson Betemps Bauer, 34 anos e nascido em 27 de agosto de 1976 em Pelotas, jogador repleto de histórias e títulos, ao enviar a nossa redação seu texto e sua foto para a nossa série, escreveu ao final, " Abraço Gothe, obrigado pelo convite e privilégio de fazer parte deste rol de personalidades ". Aqui entre nós, Editor e internautas é que são gratos pelo Robson dividir um pouco do tanto que já viveu no esporte.  

Panelinhas

Minha paixão pelo esporte começou cedo, ainda morando em Pelotas. Como a maioria das crianças que começam jogar botão na vida, comprávamos aqueles times de panelinha (botões de plástico que vem com goleiro, trave e bolinha) e jogávamos as tardes inteiras nos estrelões, cheio de talco para que os botões deslizassem mais.  Os goleiros, fazíamos de caixa de fósforos com areia dentro. Por fora, recortávamos os escudos dos times da revista placar e aplicávamos juntamente com golas de camisa e patrocínio desenhados a caneta. Até competição de goleiro mais bonito existia.

Puxadores

À medida que fui crescendo, residindo em Santa Vitória, ainda nos estrelões, já tínhamos os bons e velhos puxadores (cada um de um pêlo), alguns comprados, outros trocados. Fazíamos mercado de atletas.

- “Ahhh, este aqui é bom, troco por no mínimo 3 botões”.

Cheguei a fazer botões, derretendo plástico e moldando nas tampas de fermento para bolo. Fazíamos campeonatos onde a premiação eram medalhas que um amigo “pegava emprestado” de seu pai.  Medalhas estas com inscrições no verso, das conquistas de basquete de seu pai. Mas isso não era problema, pois com etiquetas de preço, compradas em livraria, colocávamos o nome dos torneios que fazíamos.

Lembro que colocávamos a mesa no chão, na entrada da casa de outro grande amigo, Parraro (Marcelo Quadros). Cada vez que alguém chegava era aquela zona, levanta mesa, arredam os botões reservas, um vai “prum” lado, outro sobe na mesa...

Até que um dia aquele estrelão perdeu o encanto. Foi quando um de nossos amigos ganhou de seus pais uma mesa maior, feita de madeira e com goleiras de redinha.

- “Báááááhhhhhh... que loucura !!!!!

- Foi o máximo.
 
A fome de jogar era tanta que sem ao menos combinar com ele, ia para sua casa a fim de convidá-lo para jogar na sua própria mesa. E quando ele não estava, ficava esperando na porta até ele chegar. Para mim aquela mesa era um sonho, deixava de jogar bola para jogar botão.

           Certa vez, armamos um grande campeonato. Convidamos vários amigos para uma tarde de sábado. Fizemos a famosa vaquinha para comprar um troféu para o grande campeão.

 Jogo vai, jogo vem e o dono da casa foi para a final. Mãe e tia do dono da mesa vendo o jogo, mas ele acabou perdendo. Virou num berreiro só. Para acalmar o dono da mesa, sua mãe comprou outro troféu para dar a ele.

Imagina só isso. Para mim, aquele gesto foi uma desilusão em relação a merecimento. Ou tu merece ou não merece e pronto.

O encontro com o futebol de mesa da atualidade

Passado um tempo, já em 1990, a turma de amigos combinava de se encontrar na praça central da cidade para conversar, andar de skate, bicicleta, etc.. quando passaram  amigos de futebol de salão, Cristiano ( Gute ) e Saulo Orcina ( Bebé ), cada um com uma caixinha embaixo do braço. Perguntei do que se tratava. Disse-me que eram botões e que jogavam numa associação na esquina da praça. Combinamos de na próxima vez irmos juntos para ver como era. Tinha na cabeça aquela “grande” mesa em que fazíamos os torneios com a gurizada. Talvez seja a metade da mesa que jogamos hoje.

No tal dia marcado fui visitar a então ASFM ( Associação Santavitoriense de Futebol de Mesa ). Chegando lá foi como despertar leões adormecidos e famintos, só que este alimento era jogar botão novamente naquelas mesas sim, agora enormes de verdade !!!!!!!!!

Fiquei quase louco, que coisa linda, que mesas, lisas, bem cuidadas, verdadeiros tesouros ali armazenados!!!

Os botões deslizavam sem fazer muita força, botões sem nenhum arranhão em caixinhas sob medida, a bolinha tanto levantava quanto não sem que fosse necessário virá-la, os botões uniformes, que loucura !!!!!!!!!!

Fiquei impressionado e ao mesmo tempo mais apaixonado pelo esporte. Logo comecei a me informar sobre como era jogado, como faria para conseguir aqueles botões e principalmente, como poderia ir jogar na associação. Cheguei em casa e fui logo pedindo ao meu pai:

- “Pai, mãe, quero jogar botão, mas agora “profissional” ( mas ahhhh ).

Informei-me certinho onde comprar em Pelotas. Numa das viagens do pai a Pelotas, encomendou meu time num tradicional artesão. Passado mais uns dias, o pai finalmente chegou em casa com meus botões.

- Baahhhh........que time, que beleza de botões, todos iguais, a camada de cima, branco, a do meio vermelha e a de baixo branca!

- Que maravilha eram meus botões.

- A primeira noite quase não dormi com eles empilhados na cabeceira da cama, ainda dentro do saquinho plástico.

Comecei a jogar com aqueles brutalhões de quase 1 cm de altura. Mas eram perfeitos para mim. Não precisava mais nada, só jogar.

Com o passar do tempo, fui me interessando pelos tipos de botões dos outros associados. Foi então que a ASFM promoveu um torneio chamado Mergulhão. Existiam times para vender e acabei gostando de um mais baratinho. Pedi sugestões dos mais experientes da associação na época, Guido e Edison Rodrigues, sobre a qualidade. Lembro que me disseram, são bons, são melhores que os que tu tem hoje.

- Claro que eram melhores, acho que pensando bem, não existiam piores que os meus. Feito de forma artesanal, pouco aprimoramento.

- Não interessa, foi meu primeiro time.

Comecei a incomodar os mais antigos perguntando sobre tudo, pois para mim, tudo parecia mágico, porém obscuro. Eram vários jogadores, mas dois em especial, me davam uma atenção maior, Edison e Guido.

Primeiro Torneio fora de Santa Vitória

Logo em seguida, fomos a Pelotas num torneio intermunicipal, chamado Circulão (torneio de aniversário do COP).

- Que nervosismo, que adrenalina!

- Que mágico!

 Várias pessoas com seus uniformes, cada um representando sua associação, sua cidade, enfim, representando também seus amigos e colegas que haviam ficado em suas cidades.

- Pensa numa vara verde... era eu tremendo antes mesmo de começar a competição.

Guido e Edison me levaram neste torneio ainda em 1990, ano que havia começado a jogar. Com o início do torneio, fiquei mais tranqüilo e comecei a aproveitar mais a experiência.

Fui me arrastando pelas fases e chegamos todos a semifinal, juntamente com nada mais nada menos que Nilmar.

- Cara, quando descobri que já tinha um troféu garantido, aquilo virou um paraíso, não cabia dentro de mim de tanta felicidade. Em resumo, Guido e Edison fizeram a final onde Guido ganhou e nas penalidades fiquei na terceira posição.

- Ficamos com as três primeiras colocações, que fantástico!

- Chegamos em Santa Vitória nos sentindo, eu pelo menos,  Campeões  Mundiais !!!!!!!!!

- Que bárbaro!

A inseparável turma

                Com o passar dos treinos, aqueles amigos que haviam me apresentado o futmesa, iam desistindo e parando de jogar. Foi neste momento que começamos a formar um quarteto quase que irmão dá para se dizer. Robson, Morão (Moisés), Claiton e Cídio. Este último era o mais velho e o pior de todos nós, o mais bagunceiro.

- Saudades amigos !

Fazíamos torneios durante o ano. Entre nós mesmos. O treino começava sério, mas como o passar do tempo começavam as sacanagens. Volta e meia virava uma bagunça que não tinha cabimento (sempre quando não estava o Guido e o Edison na ASFM, pois o xixi comia frouxo!!! )

Resolvíamos para ter uma atenção maior e o treino valer a pena, comprar caixas de bombons e dividíamos para o primeiro, segundo e terceiro colocado.

- Era ruim ficar sem bombom que nem te conto !!!!!!

Aí o bicho pegava e os treinos ficavam proveitosos.

Nas férias, a maioria da turma migrava para as praias. Ficávamos com a chave da ASFM e, juntamente com o Morão, fazíamos 3 turnos de treino. Manhã, tarde e noite. Treinamos exaustivamente. Tudo que era coisa, chutes fáceis, chutes quase que impossíveis, passes, cavadas, etc. Esses treinos me deram a base que tenho até hoje.

Bem no começo, jogávamos e chutávamos de ficha, mas logo em seguida, migramos para apenas chutar de régua. O próximo passo, jogar e chutar de régua.

Foi o início de uma longa história que difundiu a régua por todo o RS e a ASFM iniciou uma fase de conquistas inimagináveis.

Viagens da turma

Todas tinham uma diversão.

Numa oportunidade, fomos a Rio Grande no fusca do Cídio. Levamos garrafas de plástico com água, potes com sanduíches, etc. Tava um calor de matar.

Na ida começou aquele lanche básico. Vai sanduíche para frente, água para trás...

Até que numa dessas, o Claitinho, pediu a água e ao passar, “sem querer“, apertei a garrafa e dei um banho nele.

- Pronto, começou a zona.

Ele abriu outra garrafa e despejou em mim, sobrou até pro Cídio que estava dirigindo.

Tudo isso dentro do carro. 

- Viajamos um bom pedaço da viagem, só de cueca com as roupas de jogo para fora para que secassem.

O Cídio é uma figura.

- Acham que ele ficou brabo??? Que nada, se finava de tanto rir.

Mas quando achamos que já tinha acontecido tudo vinha mais. Aquele calorão trouxe uma chuva em Rio Grande que inundou a maioria das ruas e o fusca tinha algumas... digamos... perfurações no assoalho, para não dizer crateras... 

Lá pelas tantas, tinha mais água dentro do fusca que na rua.

Desfilamos pela cidade baldeando a água do fusca.

              - Acham que já aconteceu tudo?

             No retorno a Santa Vitória, no domingo, bem no meio do caminho, logo passando a reserva do Taim, o velho e bom fusca “deu os doces” e estragou bem no paradouro Ipiranga. Naquela época celular era coisa pra rico. Mandamos um recado para Santa Vitória para um funcionário do Cídio vir nos buscar.

- Mas pensem, o que 4 crianças (porque o Cídio também era uma ) fazem para esperar?

- Acham que ficou tudo calmo?

O Claitinho e o Morão começaram a se dar tapas de brinquedo.

- Só que sabe né, começam numa força e vai aumentando.

O pai sempre dizia, brinquedo de mão dá rompimento de... bom deixa pra lá.

A coisa ficou tão violenta, mas tudo na brincadeira, que um carro chegou a parar na estrada para separar o que achava ser uma briga.

E o Cídio, o mais velho, pai de um casal de filhos na época ria que se matava e ainda dizia:

- “Quem toca na minha mão toca na cara do outro”, atiçando ainda mais.

            Noutra, fomos para Livramento, nesta também o Guido não estava.

           Como o fusca não tinha condições, o pai do Claitinho emprestou seu carro. Cídio pegou o carro, abasteceu e começou a buscar um por um. Eu como mais metido fiquei na frente. O último a ser recolhido foi o Claitinho.

Na saída sua mãe começou com as recomendações de não esquecer de tomar banho, de trocar a cueca etc..

- Pra quê, aquilo foi motivo de zoação até Livramento, e o Claitinho brabo com sua mãe e conosco, tapava os olhos do Cídio enquanto dirigia para incomodar.

Fomos para o hotel, num quarto com dois beliches. Estava saindo do banho, só de toalha e escutamos vozes de mulheres no corredor.

Pronto, a gurizada toda para a porta.

               - E o que acontece?

              - Me empurram para o corredor sem toalha e os  três segurando a porta para mim não entrar. 

- Beleza né, mulherada, eu peladão.... se fosse só isso.

Mas atrás, vinham os 3 maridos. Em resumo, dei um encontrão na porta que derrubei os três.

               Trancamos a porta a chave e pulamos para os beliches. 

Os caras começaram a chutar a porta, e gritar:

- Vou te pegar, seu isso, seu aquilo.

- Eu, o Morão e o Claitinho, assustados, tapamos a cabeça com cobertor e o Cídio, se contorcia de tanto rir. Depois de um tempo, cansaram e foram embora.

Nesta noite saímos para jantar numa lanchonete. 

Tava tudo numa boa, quando peguei o tubo de catchup.

O Claitinho para perturbar, pegou na parte de cima do catchup e disse que era dele, puxa pra cá, puxa pra lá, tive a “brilhante idéia” de mirar nele e apertar..... só que errei e ficou um risco de uns três palmos na parede. 

O Cídio chorava e se babava de tanto rir, e nós riamos do Cídio e da situação. 

Ao sair tivemos que pagar a limpeza da parede.

Não bastando isso, no almoço do outro dia, fomos em um restaurante perto desta lanchonete. Na saída, escondemos o boné do Claitinho. Ele ficou louco da vida. O Cídio esperava o sinal abrir bem na esquina da lanchonete da noite anterior (por total coincidência) quando o Claitinho descobriu que o boné estava comigo e começou a soquear todos dentro do carro.

Peguei o boné e atirei pela janela.

O Cídio que não gostava disso, só andou um pouco para frente e pronto, passou por cima do boné.

O Claitinho saiu pela janela, para pegá-lo. Neste instante o sinal abriu e o Cídio arrancou o carro.

Com isso, o Claitinho ficou a pé e começou a correr atrás do carro gritando igual a um louco, passando na frente da lanchonete onde seu dono, aquele que cobrou o catchup, estava na calçada olhando estarrecido. Acho que ele fechou para férias naquele dia para descansar um pouco.

Treinos com a fera

Foi passando o tempo, e fui chegando pro lado do mestre Guido. Mestre em todos os sentidos, dentro e fora da mesa, pois se continuássemos daquele jeito iríamos ser presos em seguida.

Treinava com o Guido quase que diariamente. Na época em que se arrumavam os botões em cada recuo para o goleiro chanfrado ou bola para linha de fundo, treinávamos sem arrumar para aumentar a dificuldade de cobertura e cavadas. Tempo muito bom.

Uma vez, para ter idéia da vontade de jogar, o Guido fazendo plantão no final de semana, levamos a mesa para o trabalho e jogamos toda a tarde. Até que ao tentar um chute, quebrei a régua que chutava. Fomos para a casa do Guido e enquanto o cara não fez uma igual, não descansou. Realmente um abnegado e apaixonado pelo que faz e com quem anda.

Uma outra questão aprendida com este ícone, foi anotar os jogos que fazia, onde, qual campeonato, quem fez os gols, etc. Com isso, hoje consigo reunir todos meus jogos em exccel, onde faço planilhas estatísticas por competição, por ano, etc.  Um acervo muito rico de informações que também devo a ele.

Mesa em casa

Um dia pedi ao Guido que fizesse uma mesa para colocar na minha casa, a fim de treinar chutes e aproveitar que meu mano, Gelson Bauer, estava começando a jogar também.  Foi uma etapa muito legal, pois jogava bastante com meu irmão e com nosso pai.

Não é que o cara fez e até hoje não quer receber pelo seu trabalho.

Paixão pelos lisos

Já tínhamos ido a Brasileiros onde pudemos acompanhar um pouco dos jogos de liso. Ficamos maravilhados só em olhar aquela loucura de botão, aonde não existe cobertura, etc. Pedi que o Guido fizesse um time de liso do Xavante para mim. Me respondeu:

-“Mas cara, eu não faço botões !!!”.

-“Eu sei, mas faça como puder”.

Dito e feito, pegou seus acrílicos, colou uma chapa na outra, pegou a serra corta copos com a dimensão máxima do tamanho de botões ( única que possuía na época ) e fez.

Beleza, ficou redondinho pelo menos.

- Tá, mas agora a inclinação, o ângulo, nos perguntamos?

Complicou.

Foi para o esmeril, desbastou dando caída, poliu e pronto. Tava feito. Legal, time feito, só faltava estrear.

Ainda em 1997, o Guido promoveu um torneio de férias ao qual somente organizaria.  Solicitei a ele para jogar de liso contra a turma de cavado, mas que precisaria jogar somente na mesa que escorregava bem os lisos. Disse-me que por ele não teria problema, mas teria que ter consenso dos demais. Beleza, até vibraram.

Começa o campeonato, jogo vai, jogo vem.. vai acostumando, perde uma, ganha outra e assim vai... de fase em fase. 

- Engraçado era quando pedia ao gol e me questionavam pelo grau do botão para arrumar o goleiro, e eu respondia:

- “ Olha, é de 8 a 25, depende do lado que bater na bola !!!!”

Resultado final, acabei ganhando o torneio e me apaixonando pela modalidade.

Amadurecimento

Com o passar do tempo, fui amadurecendo como pessoa e jogador. Paramos com aquelas brincadeiras de criança de 12-13 anos, que nem cabe para esta idade também, mas tudo bem. Passei no vestibular para Agronomia e tive que residir em Pelotas, minha terra natal.

Os jogos aconteciam durante a semana e nos sábados. Disponibilizaram-me jogar apenas nos sábado, acumulando os jogos de duas, até três semanas. Jogava cerca de oito, nove partidas num dia.

A decisão

Porém, por questões de trabalhos na faculdade e até financeiramente, começou a ficar complicado de viajar a Pelotas. Por um certo período ainda consegui pois um time de futsal do Chui, pagava minhas passagens para jogar o citadino. Mas com o término do campeonato, ficou mais difícil. Tinha chegado a conclusão de que teria que abandonar, ou me distanciar por um bom tempo do certame do futebol de mesa. Foi aí que de uma forma extremamente humana e até exagerada, pois acho que não merecia tal privilégio, que toda ASFM, capitaneada pelo Guido, decidiu que eu seria o primeiro lugar do ranking independente de competir ou não, me credenciando para jogar todos os campeonatos do circuito estadual e nacional. Imagina o quão agradecido fiquei. Foi uma demonstração de carinho e reconhecimento que nunca tinha visto.

O retorno já nos lisos


               Dois dos motivos estava interligados.

A saudade de reencontrar velhos amigos e voltar a praticar o futmesa, minha paixão.

Após 10 anos parados em função de compromissos profissionais, residindo em cidades que não é jogado a nossa regra, a paixão pelo esporte e o calor dos bons e velhos amigos estavam fazendo falta.

O outro grande motivo, também de jogar na modalidade de lisos era em função do que meu pai, que sempre me dizia:

- “Tens que voltar nos lisos, pois é algo novo e aparentemente desconhecido para ti ! “
Em 2010 fui morar em Lajeado e descobri através dos sites que seria realizado um campeonato na festa da uva em Caxias do Sul. Deixei um recado no site da AFM e prontamente, o amigo Daniel Pizzamiglio respondeu que poderia jogar sem problemas. Foi o que fiz.

Na oportunidade, conversei com toda a turma e me convidaram para fazer parte do quadro de sócios, o que me deixou muito feliz, pois além de voltar a jogar, jogaria liso que sempre tive vontade.

Todos de Caxias são fora de série e me acolheram muito bem.

Obrigado galera de Caxias pois vocês me incentivaram ainda mais para voltar a jogar.

Grande turma.  Devo também a vocês. Obrigado de coração.

Em 2010 estava preparado para jogar o Brasileiro de Lisos, mas por força do destino, meu MELHOR AMIGO e principal incentivador juntamente com minha mãe e meu irmão, MEU PAI, acabou falecendo em função de complicações devido a um câncer contra a qual lutava há dois anos.

A maior dor e o maior vazio que senti nos meus 34 anos de vida.

Neste momento me seca a garganta e acho que perco um pouco do sentido das palavras. Creio que por força de meu querido pai, acompanhado de muita sorte, tenho a oportunidade de disputar duas competições de liso - o Torneio Início em Caxias e o Estadual por Equipes.

Mesmo não estando muito cotado para chegar as finais, nem muito convencido e confiante disso, acabo sagrando-me campeão em ambos, este segundo com ajuda dos meus amigos de Santa Vitória.

Acho que no mínimo, meu pai e minha família, estão orgulhosos de mim neste momento, pois penso sempre neles em qualquer lugar que estou.

Sigo tentando fazer o que sempre meus pais me ensinaram - viver a vida, fazer o que gosto, fazer amigos e cultivá-los, fazer o bem e sendo íntegro, pois somente assim as coisas de nossas vidas possuem valor pleno.

A emoção ainda existe, acho que é a paixão pelo esporte e pela vida, enquanto estiver sentindo isso espero seguir jogando e fazendo o que mais gosto.

              Agradeço em especial minha esposa, Luciana, e meu filho Renan, por me apoiarem incondicionalmente neste esporte.

* foto cortesia by Robson Bauer

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