quarta-feira, 30 de novembro de 2011

DANIEL MACIEL - Publicado em 26 de novembro de 2011




















Meu nome é Daniel Alves Maciel e nasci em Caxias do Sul no dia 19 de Outubro de 1981.

Meus Amigos Botonistas, vou contar como iniciei neste esporte que amamos tanto!

Década de 80 e 90

















A primeira vez que conheci e joguei botão foi através do meu Primo Paulo Rodrigues, onde em sua casa ele me apresentou os dois times que ganhará, um time do Brasil e outro da Argentina (de plástico e adesivado), onde já me falou tu pode jogar com o Brasil, então vamos lá, a partir daí foi como se entrasse um vírus em minhas veias que foi se manifestar somente anos mais tarde...

Nessa mesma época fazíamos diversos Torneios, A Copa Daulo quando jogávamos eu e  Paulo Rodrigues, a Copa Dário quando disputávamos eu e o também meu Primo Mário de Vargas e quando duelávamos nós três juntos era então a famosa Copa Primos que é jogada até os dias de hoje na sede.
E como na nossa Serra Gaúcha normalmente o tempo é instável, então quando éramos crianças cada um pegava em torno de uns 12 times e fazíamos um torneio, que a regra era parecida com a tok-tok.

2003

















Era meados de 2003 quando fui ler o nosso Jornal Pioneiro e nele no caderno de esportes tinha uma matéria de uma página inteira falando sobre a Associação de Futebol de Mesa que estava comemorando 38 anos de sua fundação e ficava situada na rua Garibaldi em uma sala comercial no Sexto andar. Então fiquei maluco,  fui lá conferir o que era aquilo, pois sempre quis jogar botão e não sabia que existia na minha cidade.

Chegando lá falei com um senhor muito sério e de muitos títulos em sua extensa carreira, o sr. Vanderlei Duarte, um verdadeiro abnegado pelo esporte em nossa cidade. Ele me mostrou os botões, as mesas, a bolinha, as réguas e como era jogado na regra Brasileira e eu fiquei fascinado, era como se aquele vírus voltasse a se manifestar novamente. A partir desse dia ia todos os dias na sede para aprender com ele como se jogava e tudo mais. Porém era uma época financeira muito difícil para me associar, pois a sala comercial onde eles jogavam tinha um aluguel muito caro e cada sócio pagava em torno de R$ 60,00 por mês. Então o Vanderlei inventou uma promoção para que eu pudesse entrar na Associação, ele me fez R$ 15,00 a mensalidade, pelos primeiros três meses, hehehe!

Também tive dificuldade para comprar o meu primeiro time, então o Empresário dos Botões em Caxias, Clóvis Baixas me vendeu um time do Palestra por R$ 100,00 dividido em duas vezes pra pagar, hehehe!

Mas não satisfeito no final desse mesmo ano consegui vender esse Palestra para o Mário começar a jogar e mandei fazer o meu time personalizado do DAM (Daniel Alves Maciel) no seu Manoel que o Mestre Vanderlei Duarte com muita dedicação havia criado a arte.

2004

















Nesse mesmo ano praticamente era jogado em nossa sede somente o Campeonato Caxiense e era disputado o ano inteiro, então como eu entrei na metade do ano anterior, eu não pude participar, porém acredito que isso foi melhor, pois quando comecei a jogar o Campeonato Oficial somente em 2004, eu já não era carne fresca, hehehe, tanto que nesse mesmo ano consegui me classificar para o quadrangular final e saindo na foto com a Quarta colocação e o Marcos Zeni com a sua Ponte Preta sai Campeão.

Esse foi o ano que tive o prazer de conhecer pessoalmente o meu Grande Mestre, Conselheiro e agora Pai adotivo Adauto Celso Sambaquy em sua breve visita a nossa cidade, onde tive o grande prazer de jogar uma partida amistosa com ele e isso foi muito marcante até hoje.

2005















Já em 2005 gostaria de jogar com gente diferente, fazer Caxias voltar ao cenário das competições externas e essa vontade foi tão grande que mesmo ainda não filiados a Federação Gaúcha, o Amigo Carlos Roberto Foscheira descobriu a gente e através do Vanderlei nos convidou para disputar o Torneio de Aniversário da Cidade de Porto Alegre. Então prontamente atendemos o convite e nesse fomos eu, o Mário e o Émerson para a primeira disputa externa. Chegando lá conheci o também abnegado pelo esporte Foscheira, o incansável Breno e o dedicado Bopp que na época no Grêmio estavam deslumbrados com a modalidade Liso. Apesar de ser um torneio com pouca gente, voltamos muito animados por conhecer outros praticantes do nosso esporte e também por eu ter conquistado o Vice-Campeonato.

A partir daí, fizemos uma parceria com o Grêmio muito interessante, com diversas integrações tanto em Caxias, como em Porto Alegre e acredito que o Departamento de Futebol de Mesa do Grêmio, principalmente através de Foscheira e Breno, que ajudaram muito a nos inserirmos nos Campeonatos Oficiais da FGFM.

No mesmo ano disputamos o II Experimental de Lisos no COP em Pelotas, onde na época fomos recebidos com muito pouco caso, pelo então Presidente o Senhor Mário Baptista. Mas isso não nos abalou...

Tanto que no mesmo ano realizamos a Taça 40 anos de Fundação da Liga Caxiense no Shopping Martecenter em Caxias do Sul com a presença de diversos Botonistas do Estado. Nessa oportunidade fiquei conhecendo o meu Grande Amigo Marcelo Vinhas e o seu Dindo Osmar. A inseparável dupla César e André na época da Afumepa, os simpáticos Cláudio e Rodolfo de Santa Catarina, entre outros. Esse foi vencido pelo Vinhas, com o César em Segundo e Eu em Terceiro.
Ainda em 2005 tive a grande felicidade de levantar o meu primeiro título de Campeão Caxiense.





















2006

















Em 2006 depois de muita luta interna, pois o nosso pessoal não tinha interesse de jogar fora da cidade e com todo o movimento que realizamos para divulgar o Esporte em Caxias e a modalidade Liso no Estado, acabamos nos federando a Federação Gaúcha e com isso na gestão do Presidente Cláudio Luiz Schemes da Afumepa, sendo assim inserido oficialmente o  primeiro Estadual Liso no estado do Rio Grande do Sul. E tivemos o prazer de realizar  em nossa cidade com a presença de 31 Botonistas, onde o Vinhas sai campeão com o nosso excelente Daniel Pizzamiglio em Segundo. Nesse campeonato tive o prazer de conhecer outros Botonistas que hoje são grandes Amigos, entre eles o Sérgio de Oliveira, o meu Chefe Zilber e o Alemão Augusto.

No mesmo ano disputamos o Centro-Sul em Criciúma e foi a nossa viajem mais divertida até então, fomos novamente com o meu Golzinho Quadrado 007 lotado, foram Eu, o Mário, Ednei, Paulo e o Daniel Pizzamiglio. Demos tanta rizada que na volta eu tive que parar o carro diversas vezes, pois não me agüentava mais de tanto rir...

No mesmo ano sentimos a necessidade de vôos mais ousados, então fomos atrás de patrocínio junto a Prefeitura de Caxias do Sul, através do Fundel (Fundo de Desenvolvimento de Esporte e Lazer), para angariar verba para ir disputar o nosso primeiro Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa que seria realizado em Vitória-ES.  O projeto foi aceito pela CAS (Comissão de Avaliação e Seleção) e então conseguimos levar Seis Botonistas para disputar o Campeonato, foi um sucesso, a maioria ainda nunca tinha viajado de avião, vocês imaginem...

Nesse Campeonato tivemos a oportunidade de conhecer as grande feras do nosso esporte a nível nacional. E também fazer novos amigos, entre eles os nosso Irmãos Capixabas.

Eu acredito que foi através dessa parceria entre a AFM/Caxias e a Prefeitura de Caxias do Sul/Fundel que projetamos toda a evolução Caxiense nesse esporte, pois a parceria até os dias de hoje é renovada a cada ano e com isso conseguimos disputar a todos os Campeonatos Nacionais da nossa categoria, além de podermos realizar os Campeonatos Estaduais em nossa cidade com toda a estrutura que eles merecem. Foi através de um projeto desses que hoje revelamos os Juniores Gustavo Pica-Pau e Hemerson, que já estão nos dando muito orgulho, além de projetarmos o futuro do nosso esporte.

2007

















Em 2007 tive o meu primeiro pódio a nível nacional, terminei em Terceiro no Centro-Sul realizado em Pelotas, onde o Vinhas sai Campeão e o Pierobom foi Vice.
Nesse mesmo ano o Amigo André Marques venceu o Estadual da Modalidade Liso realizado no Grêmio.Também realizamos algumas integrações com os Amigos da Afumepa em Caxias do Sul.

Ainda em 2007 começou a jogar conosco um cara com uma Juventus, muito dedicado e com chutes precisos, o meu Bruxo Luciano Carraro, não conheço ninguém no Brasil que treina em três turnos diários que nem ele! 

2008

















Em 2008 tivemos a grande alegria de conquistarmos o título de Campeão Estadual com o meu Bruxo Daniel Pizzamiglio, esse campeonato foi realizado nas dependências da Afumepa. Nesse mesmo ano o Vinhas sai Bi-Campeão do Centro-Sul em Vitória-ES.

Ainda em 2008 fomos convidados pela nossa entidade co-irmã Academia de Pelotas a participar da Copa da Academia e também participar do ilustre churrasco na casa do Fernando (LFS), esse torneio foi muito importante, pois conseguimos estreitar uma grande amizade com Amigos da Academia até os dias de hoje e claro o churrasco é algo espetacular!

Nesse ano assumi o meu maior compromisso até então, fui eleito o Presidente da AFM/Caxias tendo que revolucionar alguns métodos muito arcaicos que ainda eram aplicados e então promovendo grandes mudanças, inclusive a de nossa sede para uma sala bem maior no Ginásio do Vascão, onde estamos até hoje.
Outras grandes mudanças internas foram necessárias para a manutenção e o bem estar do esporte em nossa cidade, que ajudaram na ótima convivência que temos até os dias de hoje.

2009











Ainda em 2009 foi criado o Estadual por Equipes da Modalidade Liso, realizado em Caxias, tivemos a felicidade de sairmos Campeões, a equipe contou com Maciel, Mário, D. Pizzamiglio, Crosa e A. Prezzi. Nesse mesmo o meu Amigo Vinhas conquistou novamente o Estadual e o Centro-Sul.

Ainda em 2009 tive a felicidade de conquistar o meu segundo Campeonato Caxiense.

Nesse mesmo ano fiz novas amizades, tais quais o Matias da Academia, o Dinossauro Guido e a lenda viva Robson Bauer, nosso melhor churrasqueiro da região. Foi também nesse ano que contratei o melhor goleiro de todos os tempos, o Sandro Mazzochi.

2010

















Em 2010 no Centro-Sul do Rio de Janeiro conheci outra figuraça, o grande amigo Chambinho que devido a essa grande parceria criamos o nosso núcleo em São Paulo.

Nesse ano tive o grande prazer de ver outro Amigaço Sérgio de Oliveira levantar o Título de Campeão Estadual Liso, sem levar nenhum gol seguer. Foi muito emocionante, pois na época ele disputava os nossos torneios internos, foi como se AFM/Caxias ganhasse também.

No Brasileiro de Porto Alegre ficamos no quase, com o nosso maior expoente da modalidade Liso Marcelo Vinhas, mas ele não perdeu o título para qualquer um, ele perdeu para Alênio que com a sua ficha e muita habilidade levantou o caneco para os Cariocas.

Mas tivemos os títulos na categoria Máster com o Laurinho da Franzen e Junior com o Marcelo da Pelotense.

Fizemos bonito no Brasileiro de Equipes Liso 2010 terminando com a Quarta colocação, a equipe contou com Maciel, Mário e Carraro.

Somente esse ano tive o prazer de duelar pela primeira vez com o Holanda de Pedrinho e o Vinicius Celso Roth.

Também tivemos uma grande revelação na modalidade Liso, Alex Degani da Riograndina que conquistou o título Estadual e de quebra ficou em Sexto Lugar no Brasileiro Especial Liso. Mas claro tudo isso graças aos seus treinos com o Amigo João Garima.

Ainda nesse ano tive o grande prazer de entregar o Troféu de Campeão Centro-Sul-Brasileiro Liso para o meu “Irmão” Mário de Vargas. Onde o Robson terminou em Segundo, o Tiago Feliz-ES em Terceiro e o Daniel Pizzamiglio em quarto. Também recebemos o troféu de Terceiro Lugar com o Pica-Pau na categoria Junior. Ainda entregamos a homenagem por todos os serviços prestados ao nosso esporte a Sambaquy.

2011

















2011 é um ano no qual eu gostaria que demorasse mais um pouco para acabar, pois consegui conquistar o “Experimental” da Taça RS de Lisos, também fiz a minha melhor campanha em Campeonatos Brasileiros, com a Oitava colocação. Em Caxias conquistei a Copa Caxias e os Jogos Abertos e cheguei na zona de premiação em outros torneios no estado. No Brasileiro de Equipes Liso ficamos com a excelente Terceira colocação e no Livre fomos Vice-Campeões com Cristian, Chambinho e Cícero.

Tivemos no individual o Cristian que foi o Bi-Campeão Brasileiro de Livre, nos Juniores Pica-Pau e Hemerson que ficaram na Segunda e Quarta colocação respectivamente. E o nosso Craque Vinhas figurou na foto novamente nos Lisos.















Desculpem por enaltecer tanto a vitória dos meus Amigos, mas para eu se eles ganharem eu ganho também.

Me lembro muito bem que logo que entrei na Associação o Vanderlei falava “Esse cara será o nosso futuro Presidente, é ele quem vai tocar tudo isso aqui”. Eu sinceramente não acreditava muito nisso, mas hoje devido a toda essa dedicação ao esporte aqui estamos, pronto para mais um desafio e espero atender a todas as nossas necessidades agora a nível estadual e conto com a ajuda de todos vocês, pois ninguém realiza nada sozinho...

Um grande abraço e viva o nosso esporte!

CLAIR MARQUES - Publicado em 19 de novembro de 2011




















Quero agradecer ao Clair que hoje reside em Paranaguá no Paraná em atender meu convite para fazer parte do GOTHE CROMO GOL. O Clair é o 30º Cromo desta série que já conta com incríveis histórias que vão na verdade através de um vasto e complexo quebra-cabeças, remontando a história do nosso Futebol de Mesa. Confesso que a narrativa do Clair Marques passa a ser uma das minhas preferidas, se não a preferida. Ele resgata um tempo sem expressar em excesso seus sentimentos, mas cada palavra faz exatamente o sentido que sua alma quer perdurar. Para quem não sabe o Clair foi o 1º Campeão dos internos da Riograndina, além de ter sido o 1º Campeão da história da Taça RS da qual teremos mais uma edição no próximo final de semana. As fotos que envia e que estão ao longo da narrativa, ilustram a paisagem de um texto que mais parece uma pintura. Aproveitem.

O FUTMESA NA MINHA VIDA

A minha história sobre o futmesa, está muito vinculada a história do futmesa na cidade do Rio Grande. Porque gosto de praticar o futmesa e ao mesmo tempo, queria torná-lo conhecido e organizado na minha cidade, coisa que não acontecera até então. Tudo começou quando fui morar na rua Carlos Gomes, à meia quadra da famosa Praça AlmiranteTamandaré que ocupa uma quadra inteira no centro da cidade do Rio Grande.  Nesta casa, na festinha de aniversário dos meus 12 anos, dia 15 de novembro de 1956, ganhei vários presentes, inclusive uma bicicleta nova. Mas, o presente que mais me chamou a atenção, eu ganhei do meu cunhado. Foram dois times de “futebol de botão”, um do América e outro do Flamengo do Rio de Janeiro. Na época chamávamos esses times de “apropriados”. Não sei por qual razão. Naquele dia mesmo, no piso de madeira da nossa sala, comecei a praticar o futebol de mesa. Foi paixão à primeira vista! Esporte que pratico até hoje, minha terapia, verdadeira válvula de escape para as tensões do cotidiano, mais um hobby do que um esporte para mim.Todos no futmesa têm um rival que é mais difícil de ser vencido. O meu  sempre foi o Carlos Roberto Rocha. Um “polaco” franzino que chamávamos de Robertinho. Nos jogos contra ele, se eu falhasse uma única vez, acabava perdendo o jogo. Ele conseguia fazer gols, chutando com um botão de uns dezoito graus e a bolinha distando apenas um dedo da linha de fundo. O cara era um terror, quando investia pela linha de fundo. O melhor que vi até hoje executar essa jogada. Nesta época, jogávamos na Regra Gaúcha e a trave era bem mais baixa que a atual. A recíproca também era verdadeira, se me sobrasse uma única bolinha era caixa certa. O Robertinho já “jogava botão”, como falávamos na época, na Padaria Sul América que ficava na esquina da quadra que eu morava. Lá todos os sábados á noite, depois que a padaria fechava, disputavam uns torneios muito legais, com uns botões que eu não conhecia chamados de “puxadores”. Convidado pelo Robertinho, fui conhecer aquela nova maneira de jogar botão. Lá jogavam, o proprietário Antonio Leite e o seu filho Antoninho, também o Rominho, Grilo,  Zé e Waldir Tosi Ferreira que era conhecido como o Campeão da Padaria. Fiquei impressionado com o que vi. Os caras jogavam muito bem! Principalmente comparando comigo que estava começando a jogar. A regra utilizada foi confeccionada por eles mesmo. Mas, era muito boa de jogar. A bolinha era um botão pequeno, muito utilizado em calças masculinas na época. Fiquei entusiasmado! Tinha que conseguir um time de botões “puxadores” para poder jogar com aquelas “feras”.  Descobri que tinham à venda esses botões na loja “Confiança” em Rio Grande. Também fiquei sabendo que os tais “puxadores” eram fabricados com “galalite”, um produto cuja matéria prima era importada do Uruguai e confeccionados numa fábrica situada em Petrópolis, numa região conhecida como Vila Scharlau em Porto Alegre. Os botões eram muito bonitos, confeccionados de uma, duas e três camadas, de cores diferentes. Consegui dinheiro e comprei um time. Não era todo novo. Alguns comprei novos e outros de colegas. Surgiu então o meu “Real Madrid” que tinha a mesma escalação do timaço espanhol de 1960: Domingues, Santa Maria e Casado; Marquitos, Vidal e Pachin; Canário (brasileiro), Del Sol, Di Stéfano, Puskas e Gento. Na época, esse time de futebol da Espanha, era famosíssimo, equivalente ao Barcelona de hoje. Sabíamos informações do Real Madrid, somente através da “Revista do Esporte”, jornais e rádio. Na época, no Brasil não tínhamos televisão, Internet, nem celular. Pouquíssimas pessoas tinham telefone fixo ou automóvel. Bem diferente da época atual que assistimos ao vivo os principais jogos dos grandes times da Europa. Comecei a jogar todos os sábados á noite na Padaria Sul América. Com a prática consegui fazer meu jogo evoluir um pouco. O tempo foi passando... Fui conhecendo novos praticantes do futebol de mesa de diversas regiões da cidade. Cada região tinha uma regra diferente de jogar. Isso dificultava bastante. Invariavelmente a pergunta era: em qual regra vamos jogar? O meu sonho era que todos praticassem o futmesa numa regra unificada. Um dia fui jogar na “Região do Alemão” que tinha regra diferente da nossa. Acabei levando uma goleada de 4x0 do Alemão. E, ainda tive que agüentar as risadas estridentes e gozações intermináveis dele. Agüentei firme! Mas, intimamente, prometi que treinaria bastante para me vingar daquela goleada.  Não demorou muito tempo, jogando na regra dele, consegui devolver os 4x0 ao Alemão que estavam, como um espinho de peixe, atravessados na minha garganta!...  Juntamente com os meus amigos, jogamos também um torneio contra a turma do Jorge Melo, na época um menino com a idade e jogo parecidos com o Yago. Ou seja, jogava muito bem! Neste torneio, conheci  Paulo Roberto Monteiro, grande botonista e amigo, cujos jogos entre nós, tornaram-se grandes clássicos na ARFM.




















Maurice Hallal (esquerda), Clair Marques e Carlos Roberto Rocha “Robertinho”

Muito legal também naquela época eram as trocas de botões, chamadas novas aquisições. Ficaram famosas as trocas do Gilberto Andrade, ponteiro esquerdo goleador do meu Internacional e o ponteiro direito Sapiranga que troquei por dois times completos. Também inesquecível foi a contratação do zagueirão “Navarro”. O jogador estava emprestado pelo Fares ao Paulo Roberto, dois amigos meus da época, e provavelmente o Paulo Roberto iria comprá-lo. Discretamente, me atravessei no negócio, falei com o Fares e ofereci três botões por ele. E, depois de muito insistir com o Fares, consegui adquiri-lo. O Fares pediu devolução do jogador ao Paulo Roberto, como se fosse jogar com ele. E, trocou-o comigo. Era de duas camadas, amarelo perolizado na camada de cima e meio lilás na de baixo. Nunca mais larguei esse botão. Integrou um time chamado Internazionale que joguei durante muitos anos.

Soubemos que havia sido fundada pelo desportista Lenine Macedo Souza em Porto Alegre no ano de 1961 a Federação Riograndense de Futebol de Mesa. Compramos duas mesa oficiais. Uma de imbuia e outra de “pau marfim” da Federação Riograndense de Futebol de Mesa e começamos a jogar numa edícula que tinha nos fundos da minha casa.  Fundamos um clube denominado Clube Recreativo Estrela Vermelha, criado para a prática do futebol de mesa. Começamos a associar novos botonistas. Surgiram diversos novos adeptos.  Marcamos a realização do 1º Campeonato Oficial Citadino Aberto de Futebol de Mesa, a ser realizado na cidade do Rio Grande, na regra oficial da Federação Riograndense de Futebol de Mesa. Os disputantes eram divididos em três categorias: de 08 a 13 anos,  a categoria infantil; de 13 a 18 anos, a categoria juvenil e de 18 em diante a categoria adulto. Na categoria infantil inscreveram-se: Carlos Moscarelli, Jorge Hallal e Sergio “Bagana”. Na categoria juvenil: Clair Marques (Internazionale), Carlos Roberto Rocha o “Robertinho” (Juventus) e Maurice Hallal (Milan). Na categoria adulto, inscreveram-se 10 botonistas. Ao final do campeonato as classificações foram as seguintes: categoria infantil, Campeão Jorge Hallal; categoria juvenil, Campeão Clair Marques e categoria adulto, Campeão Waldir Tosi . Este trio representou a cidade do Rio Grande no 1º Campeonato Estadual, promovido pela Federação Riograndense de Futebol de Mesa, realizado no Clube dos Aviadores que na época era na subida do viaduto da rua Borges de Medeiros,em Porto Alegre. Waldir Tosi Ferreira e Clair não obtiveram boas colocações, mas Jorge Hallal sagrou-se Campeão Estadual da Categoria Infantil, ganhando com folga dos seus adversários. Chegou a fazer 13x1 num dos adversários. Detalhe curioso é que um dos adversários de Jorge Hallal no Estadual foi Ivo Wortmann, ex-jogador de futebol que passou por vários clubes, inclusive como treinador.




















Lenine Macedo Souza (fundador e presidente da Federação Riograndense de Futmesa), Jorge Hallal e Clair Marques (na direita)

Daí em diante, o futebol de mesa começou a ser tornar organizado e divulgado  em Rio Grande e surgiram bastante adeptos. Campeonatos abertos foram realizados anualmente em clubes ou colégios, gentilmente cedidos.  Cada ano, surgiam novos e excelentes botonistas. Já havia um grande número de botonistas jogando, quando foi criada a Liga Riograndina de Futebol de Mesa.  Porém, o 1º presidente da Liga recentemente criada, começou a se atritar com o botonista Waldir Tosi. Certa vez esse cidadão, mandou colar chumbo na parte de baixo da cava de dois zagueiros do seu time, visando quebrar botões do Waldir Tosi durante um jogo. Coisa de gente doida!  O ambiente começou a ficar pesado e vários botonistas desgostosos afastaram-se. Por aproximadamente dois anos seguidos, não foram realizados certames citadinos abertos em Rio Grande. Em 1966, num torneio de aniversário da Liga Caxiense, disputado na regra gaúcha, participaram em Caxias do Sul, por convite, dois botonistas de Rio Grande, Clair Marques e Gerson Marcílio Soares Garcia. Neste torneio, participaram também dois botonistas de Salvador-BA, Oldemar Seixas, jogando com o time do Ipiranga e Ademar Carvalho, com o time do Vitória. Estes dois desportistas, vieram a Caxias do Sul, participar do torneio e confraternizar com os gaúchos, convidados por Adauto Celso Sambaquy de Caxias do Sul  e verificar a possibilidade de ser criada a Regra Brasileira de Futebol de Mesa. Após o término do Torneio em Caxias do Sul, reuniram-se no Hotel Alfred,  Adauto Celso Sambaquy, Clair Marques, Oldemar Seixas e Ademar Carvalho. Foram debatidos vários aspectos das regras gaúcha e baiana e ficou acertado que no início de 1967, Adauto Sambaquy,  presidente da Liga Caxiense e Gilberto Ghizi, presidente da Federação Riograndense de Futebol de Mesa, iriam a Salvador e juntamente com uma comissão de botonistas baianos, procurariam pinçar o que de melhor possuíam as regras gaúcha e baiana, para ser criada a Regra Brasileira de Futebol de Mesa. Isso de fato ocorreu no início de 1967, entretanto os baianos cumularam os gaúchos de gentilezas durante suas estadias na boa terra.  A comissão de desportistas baianos era formada por Oldemar Seixas, Ademar Carvalho, Roberto Dartanhã e Nelson Carvalho, enquanto a comissão gaúcha era constituída  por Adauto Sambaquy e Gilberto Ghizi. Nas reuniões para a confecção da nova Regra Brasileira, os argumentos baianos foram mais convincentes. Pesou também, o fato dos botões baianos serem padronizados, exatamente iguais as camisas de vários times do futebol brasileiro, maiores e mais vistosos,  e as mesas e traves também bem maiores. Por todos esses fatores a seu favor, a Regra Brasileira de Futebol de Mesa que foi criada na oportunidade, acabou sendo quase 100% da regra baiana.  Por isto que até hoje, muitos a conhecem por Regra Baiana. E, por esse fato, a maioria dos botonistas da Liga Riograndina de Futebol de Mesa, não aceitaram a nova regra e preferiram continuar jogando na Regra Gaúcha. Se tivessem aderido de imediato à Regra Brasileira, hoje a ARFM seria no mínimo a 2ª. associação mais antiga do RS, depois da Associação de Caxias do Sul. Em 1979, dois amigos participarem por convite, de um Campeonato Brasileiro de futebol de mesa realizado em Jaguarão na regra brasileira e voltaram maravilhados com a organização do evento.  Com os dois citados e mais um grupo de amigos, fundamos a Associação Riograndina de Futebol de Mesa. Vale destacar a grande colaboração de Ademir Freitas Duarte na confecção, pintura com anilina e marcação das duas primeiras mesas e na sugestão do escudo da nova entidade que permanece o mesmo até os dias de hoje. Conseguimos emprestada uma sala para jogar no Jockey Club de Rio Grande, na rua  Mal. Floriano Peixoto, bem no centro da cidade. A ARFM continuou crescendo e ingressaram no seu quadro, vários botonistas conhecidos, como Luiz Alfredo de Boer, Carlos Alberto Perazzo, Ronir Oliveira, Paulo Roberto Monteiro, Mário Constantino, o “Mané”, Gilberto Pereira, Omar Schmidt, Alfredo Brito, Douglas Brito, Batista, Silvio Silveira, Alan Casartelli e tantos outros que fizeram e continuam fazendo a história da ARFM. Fico muito feliz e agradecido, por saber que aquela arvorezinha que plantei em 1979, com a ajuda de amigos, cresceu, foi podada, adubada, cuidada com carinho pelo Perazzo, Omar, Batista, Douglas, Silvio, Sandro, atualmente é BI-Campeã Brasileira Livre de Equipes e produziu grandes campeões como Sílvio Silveira, Alex Degani, Duda e Michel.  Em 1992, transferido da empresa que trabalhava, fui morar em Paranaguá-PR. Passei 14 anos sem praticar o futmesa. Em 2005, por informação do meu amigo Sérgio Oliveira, fiquei sabendo que Mauro Paluma, um botonista oriundo do , Rio de Janeiro, estava morando em Curitiba e procurava outros adeptos da regra 01 toque, para retomar a pratica do futmesa.  Entrei em contato com o Mauro pelo telefone fornecido pelo Sérgio e soube que ele tinha conseguido uma mesa doada pelo Claudio Savi Guimarães que havia sido montada no Clube D.Pedro II. O Mauro tinha localizado também em Curitiba, o Jeferson Mesquita, de Uruguaiana que já havia jogado pelo COP-Pelotas. No dia combinado, viajei de Paranaguá a Curitiba, cuja distância é de 95km. No trajeto que já havia percorrido por várias vezes para outras finalidades, custava a acreditar que estava indo a Curitiba, para voltar a praticar o futmesa, meu hobby favorito, depois de tantos anos sem jogar. Surgiram outros adeptos como Marcelo Silva, Alexandre Magnus e Luiz Henrique Ramalho da Roza e em maio de 2005, fundamos a AFUMTIBA-Associação de Futebol de Mesa de Curitiba e Região Metropolitana. Títulos conquistados: Tetra-campeão do certame interno da ARFM (1979, 1983, 1987 e 1991); Campeão do Torneio Fronteirão (1983); Bi-campeão da Taça RS (1980 e 1985). Maior façanha: ter disputado 24 jogos, SEM LEVAR NENHUM GOL, em Livramento que na época era onde se praticava o melhor futebol de mesa do RS, num Fronteirão e Estadual. Maior de todos os título: todos os grandes amigos que conquistei nestes meus 40 anos de prática do futmesa.

Fotos cortesia by arquivo pessoal de Clair Marques

domingo, 18 de setembro de 2011

PAULO ZILBERKNOP - Publicado em 3 de setembro de 2011





















por Pedrinho Hallal

A responsabilidade é enorme. No dia 10 de agosto de 2011, recebi um email do editor. O objetivo: falar com Zilber, o CHEFE, para ele contar sua história no Gothe Cromo Gol (http://gothecromogol.blogspot.com/).

Obviamente, o CHEFE, ao receber o convite, transferiu a tarefa para um de seus súditos: EU. Daquele dia para cá, é como se eu carregasse o mundo nos meus ombros. Nenhum texto foi tão esperado desde a escrita da Biblia e do Alcorão. Osmar Iost talvez argumente que o Cromo do CHEFE é ainda mais importante do que tais documentos. Para escrever esse texto, fiz uma entrevista com o CHEFE e também fiz entrevistas secretas com alguns de seus súditos.   

Paulo Zilberknop nasceu em Pelotas - embora muitos pensem que foi em Belem - no dia 22 de janeiro de 1966. No mesmo 22 de janeiro, mas em 1901, falecia a Rainha Victoria, da Inglaterra. Em 1922, foi a vez do Papa Benedito XV, falecer no dia 22 de janeiro. Até 1966, portanto, o mundo já tinha perdido no dia 22 de janeiro uma rainha e um papa. Mas em 1966 nasceu o maior de todos (no tamanho talvez empatado com o Badia, mas em sabedoria, especialmente da regra...). O mundo jamais seria o mesmo.

Muitos não sabem, mas o CHEFE tem um irmão gêmeo, chamado Daniel. Um dos grandes traumas da vida do CHEFE é que Daniel, seu irmão, é mais velho, mais experiente e mais maduro do que ele. Quando perguntado sobre o surgimento de sua paixão pelo futebol de mesa, o CHEFE respondeu: “Desde criança eu costumava jogar com puxador, na maioria das vezes em um "Estrelão" sozinho, porque o meu irmão nunca gostou muito de jogar. Dessa fase, a estória mais curiosa foi uma vez quando eu briguei com o meu irmão e ele jogou pelo vaso - sanitário e deu descarga - uns botões meus.”

Ainda no começo de sua carreira, o CHEFE costumava jogar amistosos incontáveis com seu inseparável amigo Alexandre Gomes: “A gente jogava praticamente todos os dias do ano, inclusive dia 31 de dezembro e dia 01 de janeiro. Eu ia na casa dele nesses dias e nós falávamos: - temos que jogar a última do ano ou temos que jogar a primeira do ano. Teve um ano que nós jogamos mais de 200 partidas, sendo que naquele ano o recorde em um só dia foi de sete jogos oficiais, de 50 minutos. Uma determinada época, sempre que eu conseguia ganhar dele algum amistoso, ele pegava a bolinha do jogo e queimava. Ele dizia: - Só pode ser culpa da bolinha. Com o tempo ele queimou várias.”

Todo mundo sabe que o CHEFE joga com o Cruzeiro, mas poucos sabem os outros times que o CHEFE já usou. “O primeiro time da Regra Brasileira eu comprei do "Becker" quando eu comecei a jogar na APFM. Esse time durou muito pouco, acho que somente um mês. Depois desse time eu comecei a jogar com um Fluminense que um amigo meu que não jogava mais na época me emprestou. Esse time durou aproximadamente dois anos. Após esse foi um time baiano que tinha sido encomendado pelo Figueira para um botonista que tinha parado de jogar antes do time chegar e aí, quando o time chegou, o Figueira me perguntou se eu não queria ficar com ele  (era um time preto com um anel vermelho e uma bola amarela no meio - 15 botões, sendo 6 cavadores, três 13°, três 16° e três 17°). Virei EC Pelotas*.

Comecei a jogar na Regra Brasileira com 14 anos quando os meus pais se mudaram para perto da casa onde morava um colega meu que jogava na APFM e que tinha mesa oficial em casa . Foi na casa do Ronaldo Larrossa (onde inclusive também começou a jogar o Pierobom) que eu comecei a jogar mais sério , sendo que ele e todos os irmãos jogavam também. Posso dizer tranquilamente que foi com o Ronaldo que eu comecei a jogar e com ele e com o Alexandre Gomes que eu aprendi a gostar do jogo na Regra Brasileira.”

* Fica confirmado o que o Marcelo Vinhas sempre suspeitou: O CHEFE é Pelotas!!!

A mudança para Cruzeiro aconteceu por influência do Ronaldo Larrossa que tinha dito ao CHEFE que se um dia ele deixasse de ser Pelotas, deveria ser Cruzeiro. Por isso, quando o CHEFE foi encomendar o primeiro time do seu jeito, ele lembrou disso e escolheu Cruzeiro. Sobre a escalação, o CHEFE diz: “Eu tinha na memória a lembrança dos grandes jogos que o Cruzeiro tinha feito quando conquistou a Libertadores de 1976, dos chutes incríveis do Nelinho, das grandes partidas que aquele time fez.”

Num momento emocionante da entrevista, perguntei ao CHEFE sobre Roberto Batata. Eis a sua resposta: “Não me lembro muito do jogador real , apenas que ele morreu em um acidente de carro logo depois de um jogo pela Libertadores de 1976. Como ele morava no interior de MInas Gerais, logo depois do jogo ele quis ir para a cidade dele e aconteceu o acidente onde ele veio a falecer . Quanto ao futebol de mesa, não sei precisar em que época o Roberto Batata passou a ser o principal jogador do meu time pois no início o jogador que eu mais gostava era o 8(Eduardo), mas com o tempo passou a ser o 7(Roberto Batata) disparado.”

Outra curiosidade sobre o CHEFE é o seu ódio por CHOCOLATE. Uma vez estávamos viajando para um campeonato no carro do CHEFE (Ele dirigindo) e eu levei um ovo de chocolate que tinha sobrado da Páscoa para que eu, o Marcelo e o Osmar pudéssemos comer durante a viagem. O Osmar começou a brincar com o CHEFE de que ele teria que ajudar a comer o chocolate, que o chocolate queria ser comido por ele, etc. Como quem não quer nada, o CHEFE discretamente abaixou o vidro do motorista, como se fosse para arejar. Quando o Osmar se distraiu, o CHEFE em um movimento rápido pegou o ovo e atirou pela janela, com o carro a 80 km/h. Naquele dia pudemos ter a dimensão do ódio que o CHEFE nutre pelo chocolate.

Em certa oportunidade, num estadual especial, o CHEFE deu a “sorte” de, no mata-mata, pegar o Alex Degani, sendo que a vantagem do empate era do Alex. Era uma sentença de morte anunciada. Ao perceber o desânimo do CHEFE, eu coloquei uma coisa na cabeça: “O CHEFE vai ganhar por 1x0 do Alex”. O jogo era num domingo pela manhã e desde o sorteio até o começo do jogo (janta, café da manhã), eu disse cerca de 13.000 vezes para o CHEFE: - “Tu só precisas de uma bola”. Aquilo foi contagiando o CHEFE de um jeito que antes do jogo, quando fui dar boa sorte para ele, o CHEFE disse: “Eu só preciso de uma bola. Fica tranquilo”. Não preciso dizer qual foi o resultado do jogo, pois o berro EDUARDO naquele dia foi ouvido em todas as cidades do planeta.

Em termos de conquistas, o CHEFE cita algumas, com sua habitual modéstia: “Foram poucas conquistas, muito poucas conquistas, foram muito mais trofeús em campeonatos internos (2°, 3° e 4° lugares) do que títulos propriamente ditos. Ganhei um Torneio em homenagem à ARFM (10 anos); a Copa Ricardo Teixeira de Liso em 2003. Se fosse depender de conquistas externas eu não precisaria de estante. Campeonatos oficiais em nível estadual eu ganhei o ESTADUAL SENIOR LIVRE esse ano de 2011 na minha estréia na categoria novo velho. Campeonato interno eu só ganhei quando joguei na Metropolitana em Porto Alegre . Não sei qual o motivo, mas o CHEFE não lembrou de citar os dois campeonatos estaduais por equipes conquistados em 2010, nos quais ele carregou nas costas a equipe da Academia, composta também por Augusto Nedel, Mateus Pierobom e Marcelo Vinhas. O CHEFE teve inclusive que fazer uma cirurgia para retirada de uma hérnia após tais conquistas. Diz ele: “O Augusto é bem pesado”.

Um grande desportista também tem derrotas em seu currículo. Mesmo o CHEFE tem as suas. “Quanto à derrotas, acho que a mais amarga foi a derrota na final do Estadual de 1986 para Cláudio Schemes. Sem dúvida foi a que eu levei mais tempo para conseguir esquecer , sendo que tranquilamente posso dizer hoje que ele mereceu realmente me ganhar.” Quando perguntado sobre o jogo inesquecível, o CHEFE resolveu filosofar: “Sem querer parecer pretensioso acho que jogo inesquecível é aquele que ainda não aconteceu. A vontade de continuar jogando representa, para mim, que o jogo memorável, inesquecível, deveria ser sempre o próximo a ser jogado”.

Fora das mesas, o futebol de mesa ajudou o CHEFE a fazer vários amigos. “O futebol de mesa representa talvez os maiores amigos que eu tenho. Foi através do futebol de mesa que eu conheci grande parte dos meus amigos. Representa também a oportunidade de conhecer o RS e o Brasil, de fazer viagens memoráveis (a melhor parte do futebol de mesa, hoje e sempre) com os amigos para jogar.” Mas esse parágrafo começou conceitualmente errado, como me informou nosso amigo Figueira. “Pedrinho, não foi o futebol de mesa que ajudou o CHEFE. O CHEFE é que ajudou o futebol de mesa”. Sábias palavras.

O CHEFE é mundialmente famoso por suas arbitragens; o padrão-ouro no quesito. Perguntei a ele de onde surgiu o árbitro CHEFE. Eis a resposta: Acho que essa história de árbitro Zilber surgiu ou se intensificou a partir do momento em que eu participei da comissão que escreveu a atual Regra Brasileira. Também tem o fato de que eu nunca me escondi atrás de árbitro nenhum para justificar atitudes durante algum jogo, ou seja, eu falo quando acho que o lance é meu, mas também falo quando acho que não é”.
Sobre o assunto, o botonista Otávio Vinhas tem uma estória para contar. “Posso contribuir contando o episódio do primeiro jogo que fui apitar na Academia. Foi no torneio de encerramento de 2007, se não me engano. O jogo era CHEFE x Christian. Mal havia começado o jogo e o Christian cavou uma bola, eu confirmei a cavada e coloquei a bolinha onde eu vi que saiu, então o CHEFE pegou a bolinha na mão e com muita convicção falou: - Não, foi aqui que ela saiu. Depois disso eu virei um mero espectador da partida”.

O CHEFE também tem uma boa estória com o Artesão. Numa Taça RS, Ivan jogava contra um menino de Bagé, e o CHEFE secava o Ivan, pois precisava do resultado. No intervalo, o CHEFE chega para o menino e pergunta quanto estava o jogo. O menino responde: 0x0. Eis que o CHEFE diz ao menino: “Segura esse 0x0 aí que eu te dou uma refrigerante no final do jogo”.  Acabado o jogo em 0x0, o CHEFE teve não só que pagar o refrigerante para o menino, como também segurar a fúria do Artesão quando ficou sabendo da “aposta”.

Mateus Pierobom faz parte da vida do CHEFE desde pequeno. Segundo ele mesmo relata, houve um episódio na Academia, quando Mateus tinha 11 anos, no qual ele foi literalmente jogado em baixo de uma mesa de botão pelo CHEFE. Ele queria adiantar um jogo, ou algo assim, e o CHEFE não gostou. Então empurrou o menino com força, o qual caiu embaixo de uma mesa. Mateus disse chorando para seu pai: “o Zilber me empurrou”. O sábio Pierobom respondeu: “CHEFE é CHEFE, tens que aprender desde cedo”.

A entrevista não poderia deixar de incluir a pergunta: Por que CHEFE? Eis a resposta: Isso surgiu em uma época em que além de proprietário do imóvel onde é a sede da ACADEMIA, eu fui no mesmo ano Presidente e Diretor Técnico do nosso campeonato. Aí, já não me lembro quem, começou a me chamar de CHEFE, pois ou era eu que resolvia por ser o Presidente ou DT ou por ser o dono do prédio. Como todo apelido, o melhor é não jogar contra, pois aí mesmo é que pega. Então eu comecei a não dar bola pra isso, mas mesmo assim pegou e hoje, muita gente , não só da ACADEMIA me chama assim.”

O CHEFE é e sempre foi polêmico. De onde surgiu isso? “Fora das mesas, teve uma época (grande) que eu simplesmente não conseguia não dizer o que eu estava pensando no momento. Eu não me escondia e muito menos deixava de manifestar a minha opinião. Com isso fui "angariando" algumas inimizades  Eu escutava algo que eu achava ser uma besteira e me manifestava, às vezes, de uma forma que não pode se dizer muito educada. Tem uma estória de uma Assembléia da FGFM onde a diretoria da época queria propor que fosse dado ponto no ranking para a entidade que se apresentasse para o campeonato com o fardamento completo. Publicado o edital de convocação dessa Assembléia, era tido que isso seria aprovado tranquilamente. Por falha minha, eu não tinha lido o Edital. Quando eu entrei na Assembléia e colocaram o assunto em votação, achei aquela idéia um erro e simplesmente perguntei : - Já não existe no Regulamento um item que obriga as entidades à jogarem completamente uniformizadas ? Então ao invés de criar algo novo sobre um assunto que já existe, vamos primeiro aplicar o regulamento hoje existente.

Como ninguém conseguiu um argumento que contrariasse o que eu estava dizendo, a idéia foi recusada e, por causa disso, teve entidade que saiu correndo da assembléia para ir em alguma loja para comprar uma calça de abrigo para poder jogar o campeonato .

Dentro das mesas, mesmo considerando que eu nunca fui santo, nunca fui de engolir gente que se fazia de "santo" e, que além de "te ferrar" ainda queria te convencer de que estava certo.”

Em certo momento, com o nascimento da filha, nosso botonista Juarez Fuão teve que se despedir da Academia por uns tempos. No email de despedida, eis o que ele escreveu sobre nosso CHEFE. “E por último, agradeço ao Chefe! Falando sério, ao longo desse tempo pude entender porque o CHEFE usa camisas 8G, 5G. É para caber seu enorme coração. Sem dúvidas, é o cara mais fantástico que o futebol de mesa me proporcionou conhecer”.  Augusto Nedel, quando solicitado uma declaração sobre o CHEFE limitou-se a dizer: “Me falta o ar” (ninguém entendeu).

Quando o CHEFE foi campeão estadual senior em 2011, publiquei uma coluna sobre seu título. Lendo agora, uma parte me chama atenção: “O título do CHEFE não premia somente o botonista. O prêmio vai para a pessoa sensacional pela qual todos na Academia são apaixonados. É fácil usar o termo "amigos" em vão. Mas o CHEFE representa exatamente o que se espera de um amigo. Alguém que está sempre disposto a dizer a verdade. Não esperem do CHEFE a resposta que vocês querem ouvir. Vocês sempre receberão a resposta sincera.”

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

MANOEL TEIXEIRA GONÇALVES - Publicado em 23 de agosto de 2011




















" A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte "


Esta parte da letra da música dos Titãs, "Comida" (Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto) define bem a maturidade de um botonista. Aquele estágio onde ganhar como não poderia deixar de ser continua a ser muito bom, mas onde a diversão com os amigos e o que está na aura do Futmesa passa a ser fundamental, como aquele time novo que está no torno tomando forma.

O ano era 2003 e o Grêmio completava seus 100 anos. O botonismo do Grêmio sediava o Estadual Especial de cavados que estava na programação oficial do centenário. Time na mesa, saí brevemente da sala principal de jogos e na volta fui surpreendido com uma conversa de um cidadão de óculos que não conhecia e outros dois jogadores que não recordo. Disse ele: " Este time era meu ". De pronto retruquei dizendo que não era possível, que o havia feito com exclusividade ! Uma longa risada se seguiu, do cidadão de óculos, e foi assim que conheci Manoel Teixeira Gonçalves, o artista que desde 1999 quando retornei a regra brasileira no GEVI, passou a assinar meus times, impecáveis.



















Manoel Teixeira Gonçalves nasceu em Rio Grande no Rio Grande do Sul em 1945. Em 1983 o torcedor do São Paulo de Rio Grande e do Grêmio especialmente em GREnais, começou sua trajetória de especialista na arte de eternizar Diversão & Arte, tornando-se um mestre em colocar nas mesas de todo o país os sonhos de cada um, que se materializam em sua famosa oficina do Bairro Cidade Nova.

Em 2004 ou 2005, não lembro bem, voltava do Uruguay e passei em Rio Grande para conhecer a oficina e presenteá-lo com duas garrafas de vinho que imaginei apreciaria, queria conhecer a incubadora de onde saíam várias versões do Bayern de Munique e outros times, Newscastle, Schalke 04, 14 de Julho, Esportivo, Nacional, Grêmio, Alemanha e outros mais tarde, como o Fluminense e agora o Cosmos, sempre perfeitos.

Para minha surpresa, mesmo que estivesse em pleno trabalho, encontrei um lugar onde era possível comer no chão, ficou fácil imaginar porque seus botões exalavam um acabamento fantástico, uma qualidade que sempre me chamou a atenção.

Entre tantos fabricantes de muito talento pelo Brasil, Manoel alia a reposta em detalhes da demanda do cliente (sem tentar adaptá-las a sua vontade) a um produto bem acabado, prazo compatível de entrega dentro do esperado e preço mais do que correto. É o famoso melhor custo benefício que se pode encontrar. Manoel já produziu com a mesma qualidade irretocável algo em torno de 3.360 times que mais do que comida (vitórias e títulos), são responsáveis por muita Diversão & Arte.

Minha homenagem e tenho certeza a de muitos outros botonistas a Manoel Teixeira Gonçalves, e por isso a sua merecida inclusão especial numa galeria de Campeões e apaixonados pelo Futebol de Mesa, o GOTHE CROMO GOL.

" A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte "

Manoel Teixeira Gonçalves - Rio Grande - Rio Grande do Sul - 0xx 53 9951.5685

sexta-feira, 29 de julho de 2011

SILVIO SILVEIRA - Publicado em 16 de julho de 2011




















Era 1987, dois primos e grandes amigos inseparáveis jogavam botão em seus estrelão, Silvio e Douglas sempre foram doentes pelo jogo de botão. Douglas traz a notícias que seu tio Alfredo Degani Brito estava fazendo botões "PROFISSIONAIS", corremos em sua oficina e vimos aquelas obras de arte, e olha que eram botões simples, pedido feito ao nossos pais e um mês depois atendidos, eu com um colorado todo vermelho com um círculo branco, meu principal jogador era BALALO, o do Douglas era azul com um círculo branco e outro preto e seu principal jogador era Renato Portaluppi, tivemos que arranjar uma mesa maior, meio que improvisada, daí nasceu nosso embrião pela paixão da regra Brasileira.

Associamos-nos na ARFM em 1987, me lembro das "feras" que lá jogavam: Clair Marques, Carlos Alberto Perazzo, Jair, Ademir, Brito, Vladimir, Betão, da gurizada muito boa: Parada, Marcio, Alexandre, Jarnis, Alan, logo em seguida vieram outros como Cristian Costa (hoje no Geraldo Santana), Valdo, etc... Ficamos encantados com a estrutura da ARFM, sou fã desde lá, hoje não da estrutura, hoje com certeza da amizade e união de nossos botonistas, não vejo nada parecido !

Bom anos passaram, Douglas continuou na paleta e eu evoluí para a régua, apesar disso Douglas sempre foi mais competitivo (de fato era melhor jogador que eu), eu sempre fui o mais sortudo, em 1989 fomos jogar o Estadual Junior na longínqua Santana do Livramento, terra do tri campeão da categoria CARECA, tive a honra e o prazer na semi-final conseguir eliminar nos penaltis essa fera, com um joguinho miúdo, mas competente sem dúvida ! (fato marcante até hoje, o jogo miúdo é claro)

Lembro-me que na entrega da premiação dentro de Livramento o Sr. João Carlos Custódio falou no microfone, "Ao campeão que desclassificou o nosso tri campeão Careca, jogando um futebol de mesa feio, mas de resultado, parabenizo Silvio Silveira da ARFM"... me lembro que o Clair ficou louco, quis o microfone e já deu muito pano para manga, que tinha sido uma grosseria, por mim tudo bem eu era campeão estadual, não importa o que dissessem e tinha ganho na mesa dentro da regra, mas jogando com 9 cavadores e muita bola presa, hehehehehe, retranqueiro desde sempre !

Bom, com início da faculdade, foram anos afastados e depois novamente por motivos profissionais acabei retornando em 1999 e 2000, onde me afastei e retornei somente em 2005 após conclusão do curso de Ciências Econômicas, juntamente com quem sempre segui: Douglas Brito que era o presidente da ARFM nesta época, lembro de ele muito argumentar, e eu não queria de forma alguma retornar, alegava que meu tempo já tinha passado, com muito esforço prometi retornar, e justa na minha primeira partida, tomei 3x0 do Perazo, é banho de água fria, mas comecei a novamente tomar gosto pelo futebol de mesa, joguei meio que desconhecido o estadual de 2005 em Pelotas, o qual Marcelo Vinhas foi campeão, acabei saindo na segunda fase, onde peguei um grupo bastante forte com Diogo Mallet, Augusto e Carlos Kuhn, acabei empatando os 3 jogos.

Em 2006 sete gols a bater definiram meu primeiro título estadual especial, gols de muita sorte como o da final contra Luis Antônio do COP, acho que a vinda de Alex Degani no final de 2005 para a ARFM impulsionou a todos que por lá jogavam, mas isto é um capítulo a parte, pois sem sombra de dúvidas todos nós fomos influenciados por sua técnica diferenciada.

Em 2007 meio mascarado (pois era sonho de menino; injustificável) com a conquista do estadual não fiz boas campanhas nas competições externas, igualmente em 2008, salvo o equipes em Passo Fundo, onde em uma fantástica competição com a Academia de Pelotas fomos campeões. Em 2009 um estadual atípico, mesmo sem estar jogando um grande futebol de mesa, consegui com muito esforço uma campanha muito além de minhas expectativas e obtive êxito conquistando-o, e em 2010 repetindo a mesma história, com muita emoção vi 3 botonistas da ARFM serem campeões, esse título foi nosso, com certeza !

Ou seja em 24 anos de Futebol de mesa o que mais conquistei foi amigos, Douglas mais que um primo um irmão, sempre comento com ele que gosto quando Diogo e Marcelo Mallet se apóiam nas competições, faz sempre lembrar deste irmão não de sangue, mas de coração, meus colegas de associação da antiga, Clair, Perazo, Omar, Roberto, Jair, Ademir, Vladimir, Betão, Monteiro, Ivan, Mário, Ronir, Jéferson, Sérgio e os mais recentes: João, Leonardo, Cristiano, Sandrão, Michel, Alex, Duda, Alessandro, e tantos outros me orgulham muito de me chamarem de amigo, e todos os outros os quais gosto muito e pude conhece-los através do futmesa.

Se tivesse que escolher um botonista, o melhor, sem sombra de dúvidas Alex Degani, mas vejo o nível no RS muito bom. Na minha associação sem medo de errar, Duda, Alessandro, Michel, Azevedo, João, Leonardo, Cristiano, Ronir, são muito bons, e aqueles de fora que sempre me encantam muito: Vinhas, Rodalles, Panda, Moraes, Mallet, Careca, Thiago Leão, Sérgio Oliveira, Leandrinho, e tantos outros. Se me perguntassem: e o Liso ? Liso para mim é um sonho distante, bem distante, mas quem sabe ?????

* foto by arquivos do Gothe Gol

terça-feira, 21 de junho de 2011

ALENIO CHEBLE - Publicado em 18 de junho de 2011




















O INÍCIO

Nasci no Rio de Janeiro em 1977, porém os 10 primeiros anos da minha vida passei em Brasília, onde conheci e comecei jogando botão através dos botões de panela onde sua maioria tinham escudinhos cortados da revista Placar, acho que a galera da década de 80 vai lembrar bem. Fazia competições com colegas mas gostava de jogar em casa com meu pai ou sozinho onde quase sempre o Flamengo ganhava porque era meu time de coração. Dessa fase eu me recordo que o time do meu pai era um Portuguesa galalite, que ele chamava de Fluminense, mas que eu só usaria quando ficasse maior porque ele sempre guardou com muito carinho. Lembro que meu pai nunca me deixou ganhar e me ensinou que eu teria que conquistar as coisas por meu mérito, que seria muito melhor dar valor as coisas por aprender, evoluir e conquistá-las.

Em 1986 meu pai disse que os amigos do trabalho dele estavam jogando futebol de mesa, e assim comecei nas regras oficias, através da bolinha que era jogada com 3 toques. Lembro que comecei em 1987 na categoria sub-18 e entre 12 jovens, eu, com apenas 10 anos fiquei em um excelente sétimo lugar. No final do ano ganhei uma mesa de presente de natal mas no início de 1988 ele foi transferido e voltamos a morar no Rio, e os botões foram para a estante.

O DISCO E A PORTUGUESA

Em 1990 era goleiro de Futebol de Salão da Portuguesa, e conheci 2 pessoas que foram e são fundamentais na minha vida e, junto com minha família foram e são responsáveis pela formação do meu caráter e do ser humano que sou. No mesmo time que eu, o outro goleiro era um rapaz que logo fiz amizade, um rapaz chamado Horácio, e no final desse ano meu pai me apresentou um moço chamado Pedro Carlos que iria implantar o Futebol de Mesa na Portuguesa. 

Era uma regra diferente da que já tinha jogado mas rapidamente gostei do disco pelo desafio e mais uma vez estava lá, um menino de 13 anos jogando contra uns caras feras de mais de 30. Comecei com um time vermelho e era o Atlético-PR já que não poderia ser nem Flamengo, nem Milan. Perdi muito, tomei de 5, 6, 9. Jogava ofensivamente, nem queria saber da defesa porque jogava bolinha. O negócio era chutar mesmo.

Levei o Horácio para o Futebol de Mesa e na primeira final entre nós dois no final de 1991 no torneio dos eliminados chamado Luso Brasileiro, perdi por 2 x 1. Lembro que nesse dia chorei, fiquei chateado, dei um show na sala porque achava que ganharia e joguei até melhor , mas não deu e mesmo com meus pais lá na sala, tomei uma bronca do Pedro que nunca mais esqueci... Naquele dia acho que nem dormi mas como vinham as férias prometi treinar e melhorar. Sabem o que fiz? Fiz meu pai tirar a velha mesa da bolinha de trás da estante, chamei um vizinho e treinava todos os dias, de manhã e de tarde, durante todas as férias e no final de 1992, conquistei meu primeiro título, o mesmo campeonato que havia perdido no ano anterior, o tal Luso Brasileiro onde venci a final por 2 x 0. Engraçado que nessa competição mudei a escalação do time e coloquei o Dream Team de basquete americano e ali nasceu o Malone, o nº 11, primeiro grande ídolo dos meus times. 

Em 1993 minhas maiores conquistas aconteceram fora da mesa, a primeira, a aquisição da minha palheta ou ficha que jogo até hoje com ela ( custou 3 reais ) e comprei durante a segunda divisão do estadual que fiquei em terceiro lugar e consegui o acesso ao estadual da primeira divisão, e o segundo, o direito de ser Flamengo,  um sonho antigo, a escalação passou a ser o time do Flamengo mas com o Malone sendo o camisa 11, ele está lá até hoje, afinal de contas, ídolo é ídolo. Porém nesse ano, uma coisa me marcou, acho que devido aos treinos na mesa lá de casa, melhorei muito e comecei a jogar de igual para igual contra os craques da Lusa e no final de uma partida contra meu grande ídolo Pedro, onde joguei como nunca mas perdi como sempre, 1x0 gol do nº 3, ele me disse que eu não mereci perder e que tinha jogado muito. Um pouco mais de treino e dedicação, e no ano seguinte 1994, com mais treinos, conquistei a Copa Portuguesa ( nosso torneio interno ) pela primeira vez, após vencer no último jogo o próprio Pedro por indiscutíveis 3 x 0. Engraçado que nessa época jogava com 5 atacantes e botões de grau 15 e 16. Velhos tempos.

CONHECENDO AS FERAS

Em 1994 participei do meu primeiro estadual aqui no Rio, até 2000 o estadual era disputado em pontos corridos pelos 16 melhores e subia e desciam 4 para a segunda divisão. Fiquei ali pelo meio da tabela. Em 1995 surgiu a oportunidade de ir a Vitória-ES no Brasileiro, Pedro fez um esforço e conseguiu arrumar o hotel e a passagem através de um patrocínio, e mesmo assim para ir eu precisava arrumar dinheiro para viajar. Surgiu uma proposta de vender o nome e o direito de ser Flamengo dentro do meu clube e para viajar e jogar um Brasileiro, não pensei duas vezes. Vendi por 50 reais e lá estava de malas prontas.

Em Vitória, saí na primeira fase mas nem fiz feio, ganhei uma, empatei uma e perdi de 1x0 para o Guido que iria ser bicampeão naquele ano. Lembro que perdi uma chance clara de gol no finalzinho e poderia ter me classificado. Mas só de sair para o GUIDO, para mim um verdadeiro mito e professor, e um dos maiores que já vi jogar, sinceramente, estava feliz. Não foi um jogo, foi uma aula. Pude perceber que jogávamos na Portuguesa um futebol de mesa muito abaixo do nível dos caras e precisaríamos treinar muito, mudar o jeito de pensar e jogar, para tentar chegar próximo a eles. Passei o restante da competição observando e vi jogadas que jamais tinha feito. Quando cheguei no Rio, passei a treinar e modificar meu jeito de jogar. Aquele negócio de atacar sem se preocupar em defender, era irreal, o cara bom mesmo é aquele que ganha de 1x0 na única chance que tem e não da chance aos adversários.

Mudei um pouco meu jeito de jogar e pensar, e errei muito, sofri e perdi muitas partidas, fiquei em sétimo no torneio interno, mas não abri mão de continuar tentando e os erros a cada dia foram diminuindo. No ano seguinte ( 1996 ) em Pelotas, me classifiquei para segunda fase e empatei com o campeão Nilmar por 1x1, o único gol que ele levou na competição, ali nascia o segundo e maior ídolo da minha equipe, o nº 16, DENTE PODRE. Esse nome é devido a um amigo meu de colégio que só beijava meninas feias e a gente dizia que ele ia ficar com Dente Podre ( ele nem tinha ) e o apelido pegou e o botão também...

UMA IDENTIDADE E O PRIMEIRO BRASILEIRO

A partir de 1997 comecei a fazer faculdade e trabalhar para ajudar nas despesas da minha casa e o futebol de mesa passou a ser uma válvula de escape de tantos compromissos. Chegava na Portuguesa direto do trabalho, trocava de roupa lá mesmo, e ia jogar. Passei a dar ainda mais valor, mas me faltava uma identidade, e nesse ano através da TV conheci a Matonense, um time da segunda divisão de São Paulo, com uma camisa igual a do La Coruña e fizemos uma torcida da Matonense na faculdade aqui no Rio. O pessoal de lá adorou nossa idéia, fui a Matão com meu pai e lá mostrei meu time com escudo da Matonense. Ganhei camisa, espaço no site do clube e todas as minhas conquistas era divulgadas pelo clube. Me dediquei ainda mais e naquele ano cheguei as quartas de final do Brasileiro perdendo por um gol a bater faltando um minuto. Fui 5º no estadual e levantei o caneco da minha associação.
Em 1998 fui vice-campeão estadual livre, perdendo o campeonato por apenas 2 pontos, nessa competição Alexandre Dantas, foi campeão e me disse que me faltava um time melhor pois o meu era gasto, velho e não era padronizado. Ele me disse que o que faltava para ser campeão estadual e crescer ainda mais era um time melhor. Em 1999 em Natal-RN no Brasileiro, viajei 48h de ônibus, saí nas quartas novamente, dessa vez nos pênaltis mas comprei meu time por 50 reais ( inacreditável ) e retornando ao Rio me tornei pela primeira vez Campeão Estadual de forma invicta.

Em 2000 fui bi-campeão estadual, novamente invicto e pela primeira vez cheguei a um brasileiro ( SALVADOR 2000 ) acreditando de verdade que poderia passar da barreira das quartas e ganhar um troféu, mesmo que fosse de quarto lugar. Quando saí do Rio para pegar o ônibus lembro das palavras da minha mãe.. Veja se traz um troféu dessa vez e me liga para contar. Eu disse, é difícil mas vou tentar.

Foi um Brasileiro muito difícil, na verdade fiz um campeonato de altos e baixos, uma primeira fase com 1 vitoria e 2 empates, na segunda fase empatei com Victor Mecking, um grande amigo e grande jogador, e no último jogo me classifiquei graças a um gol contra quando faltava 1 minuto para o fim do jogo. Acho que aquele foi o gol do título. A bola bateu no meu botão liso que tinha acabado de entrar, prendeu e parou no meio do caminho, pois o adversário tentou cavar a bola bateu no Lizarazu nº 3 e entrou. Não acreditei estava nas quartas de final novamente e a um jogo do troféu. Weber ainda disse para mim, é o gol do título, eu respondi vc ta louco.. jogando essa bolinha que estou jogando, jamais... Nas quartas estava muito nervoso, odeio as quartas, porque se ganha o jogo vai para as finais e garante o troféu, se perde, não passeia, não aproveita e ainda é obrigado a apitar as finais. Maldita quartas... Enfrentei César-SC e no final 0x0 e penaltis. Desde minha eliminação em Natal, no ano anterior, os pênaltis passaram a ser uma obsessão para mim e treinei por um ano, se tinha uma coisa que confiava era nos pênaltis. E com o time por igual, mesma força, grau, não podia e não merecia perder, me concentrei, fiz os 4 gols ( 4 x 2 ) e lá estava na semi-final, fui lá fora no orelhão em formato de coqueiro ligar para casa e cumprir a promessa.  Mãe to entre os 4... Vou levar o troféu tá. Mais tarde te ligo para dizer qual...

Enfrentei um baiano e venci por 1 x 0, gol de Táxi ( nº 7 ) de falta direta, antes de sair do Rio, lembro de 2 conselhos, um de Alexandre que me disse, acredita e joga com calma que você tem todas as chances, e outra do Horácio, que me disse, se tiver uma falta direta bate com o Táxi, chuta no canto oposto, que ele não perde. Estava na final do Brasileiro e na modalidade livre a festa era toda carioca porque do outro lado da mesa estava Robson também do Rio, um adversário que nunca havia vencido.

A final foi muito nervosa, cada um teve apenas uma chance de gol e 0 x 0 foi inevitável, pênaltis. Comecei batendo e fiz 1x0, ele empatou 1x1 e perdi minha segunda cobrança, Robson também perdeu, fiz o terceiro, Robson perdeu novamente, os dois marcaram o quarto, 3 x 2 para mim e a última cobrança. Era só marcar e seria campeão, já havia acabado as disputas e todos estavam ali olhando. Me lembro de cada detalhe do jogo, do pênaltis, mas não sei dizer nada sobre o que se passava em volta, estava completamente focado na mesa e a última cobrança era do Dente Podre, o ídolo não podia me deixar na mão e não deixou. Bati e a bola entrou alta no meio do gol. A única coisa que gritei foi: CAMPEÃO BRASILEIRO, depois disso Weber, Pedro e Márcio Alan, companheiros de Portuguesa presentes pularam em cima de mim e foi aquela festa. Pedro desmaiou, foi atendido e fui direto no coqueiro ligar para minha casa.. Era o momento mais feliz da minha vida, queria dividir com aqueles que sempre me apoiaram e me ajudaram e o telefone lá de casa chamou e ninguém atendeu... Fiquei uma fera. rsrsrrsrs...  Só consegui falar com eles no hotel.

Em 2001 ainda ganhei o título interno, fiquei em 3º no estadual mas vi meu amigo Horacio ser Campeão pela primeira vez e fiquei tão feliz como se fosse meu título. No meio do ano, fui obrigado a parar de jogar por compromissos profissionais e foram 5 anos sem jogar.

O RETORNO

Nesse tempo, o próprio Pedro por problemas pessoais, também se afastou um pouco e quando reassumiu me chamou de volta e em 2006 voltei a jogar na Lusa, lá é minha casa, meu lugar. Naquele mesmo ano, mesmo sem esperar, conquistei o Campeonato Estadual Livre e mais um título interno da associação.

Os Brasileiros me reservaram eliminações nas quartas de final em 2006, 2007 e a maldição das quartas aparecia novamente. Em 2007 percebi que o velho time campeão brasileiro de 2000 estava velho, gasto e não dava mais para ser usado, comprei um novo time, bem parecido por sinal, e comecei a usá-lo a partir de 2008.

Em 2009 aparece uma nova competição, o Brasileiro de Clubes e seria realizado no Vasco, fomos disputar a categoria livre, a equipe era eu, Horacio, Jonas e Pedro, passamos na primeira fase pelo Combinado e  Vasco e perdemos para Riograndina, passamos em segundo e enfrentaríamos na semi-final a  ( Academia ) de Vinhas, Mateus e Augusto. No sorteio, Alenio x Vinhas, que tinha acabado de meter 6 no seu adversário, chegaram a me dizer prepara o saco. Horacio e Jonas empataram seus jogos, cabendo a decisão para minha partida. O primeiro tempo foi meio morno mas no segundo fiz um gol a bater na metade do segundo tempo pela ponta direita e coloquei a Portuguesa na frente. No entanto, após a saída, fui cavar uma bola e ao cavar a bola bateu na minha mão. 2 lances bem executados e era o empate 1x1. Faltando 1 minuto para o fim, lanço uma bola na meia lua e Vinhas cobre, peço para Silvinho ( nº 9 ) e a bater por cima do goleiro marco o segundo e coloco com esse resultado a Portuguesa na final, contra a poderosa e imbatível Rio Grandina.

Na final, enfrento Silvio, Horacio a Duda e Jonas a Alex Degani, Horacio e Jonas nem tinham saído ainda a bola e escutam Silvio comemorar, 1x0, e a Portuguesa com menos de 30 segundos já perdia a final. Na metade do primeiro tempo consigo cavar uma bola e fazer uma porquinha e Dente Podre, sempre ele empata 1x1. O jogo segue assim até o final, Jonas e Horacio empatam em 0x0 com seus adversário e a final do Brasileiro de Clubes, de novo para mim, seria nos pênaltis.

Na disputa de pênaltis, cada jogador bateria um pênalti, no treino ninguém perdeu, Alex abriu pela Riograndina mas esbarrou no seu xará, o meu goleiro, e perdeu sua cobrança, Horacio perdeu, Silvio também perdeu e Jonas, num lance muito discutido pois a bola bateu na haste que sustenta a rede pelo lado dentro, marcou 1x0 para a Portuguesa, muita discussão no lance, que a bola não teria entrado, muito nervosismo e Duda quase errou a bola na sua cobrança, Dente Podre nem precisou bater e a Portuguesa se sagra a 1ª Campeã Brasileira de Equipes.

Muita festa, muita alegria, é a realização de um sonho, ajudar a tornar meus amigos campeões brasileiros é tão emocionante, quanto ser campeão brasileiro, na Portuguesa quando um vence, todos vencem, quando um perde, todos perdem, mas naquele dia todos eram campeões. Cada treino, cada dica, cada dia, cada briga, cada reclamação, cada apoio, tudo se resume ao somos campeões. Ah!!! A mesa dos pênaltis e da final, foi comprada pela Lusa e não sai nunca mais de lá!!!

CATEGORIA LISO E UM FEITO MÁGICO

Nesse mesmo ano, 2009, Pedro me pediu que começasse a jogar o estadual de lisos, que eu jogava bem, então investimos e compramos 4 mesas para lisos e para fazer companhia ao amigo Vitor Lyra que só jogava liso e estava sozinho na competição. Já havia jogado algumas competições de liso aqui no Rio mas não tínhamos estrutura para desenvolver o jogo. Isso começou mesmo em 2009 na Portuguesa. Me tornei campeão estadual já nesse primeiro ano, sendo vice nas 3 principais competições do liso no Rio e pelo ranking final me sagrei campeão.

Joguei o Brasileiro de livre em João Pessoa, e após sair para Felipe – RS em mais uma quarta de final, essa doeu de verdade, eu disse, agora so vou jogar brasileiro de liso. Já ganhei no livre, individual, já ganhei equipes, e agora vou jogar liso.  Vai demorar uns 5 anos para eu chegar perto desses caras, Diógenes e os Baianos, os demais nordestinos, Fernando e os Capixabas, Vinhas mas vou encarar o desafio, vou começar do zero com muita humildade, mas vou me preparar. Cansei de ser eliminado nas quartas e ser presença nas finais apenas como árbitro.

Em 2010 me tornei campeão estadual livre pela quarta vez ganhando as 3 etapas da federação mas meu foco de verdade era trinar para começar no Brasileiro de lisos em Porto Alegre. Não fomos muito bem no equipes, ficando em quarto lugar e jogamos liso para ganhar experiência e para eu poder conhecer um pouco os adversários, pois uma coisa é jogar e outra é assistir aos adversários e nunca havia jogado contra nenhum deles no liso. 
   
Levei pela primeira vez minha noiva, minha irmã foi pela segunda vez e fomos a Porto Alegre com a expectativa de passear e nos divertir muito. 67 participantes, minha primeira vez nos lisos, eu pretendia passar de fase e chegar na segunda fase para mim já seria um grande resultado.

Pois, para minha surpresa, começo jogando contra Aldemar, não o conhecia e venço a partida por 3x0, quando termina o pessoal me diz o currículo do cara e diz tu já fez muita coisa. Venço os 3 jogos na primeira fase e passo com uma das melhores campanhas.

Na segunda fase, empato o primeiro jogo e venço o segundo e me classifico para a primeira fase eliminatória, com 13 pontos. De noite no hotel, perdemos uma meia hora analisando se era melhor jogar ou nem ir e passear em Gramado com as meninas, mas Horácio disse: “Gordinho, viemos aqui para jogar, eu fico com você e vamos até onde der”, e assim foi.

Enfrentei Anderson-ES na primeira  fase, jogando pelo empate e mesmo jogando mal, consegui com um gol de falta de Dente Podre, empatar e passar para as oitavas de final. Na minha cabeça só vinha uma pergunta: “O QUE ESTOU FAZENDO AQUI?” Nas quartas de final, um adversário caseiro, Marco Martins do Vasco, o melhor jogador de liso do Rio e provavelmente um futuro campeão brasileiro em pouco tempo. Venci por 2x0, e sabem onde eu estava... Na maldita das quartas-de-final. Pronto, agora era perder, e apitar até o fim e o meu adversário seria Mateus Pierobom, que joga muito botão, e pensei, pelo menos sair nas quartas aqui é diferente. Mas eu jogava pelo empate e tentei segurá-lo de todas formas, deu certo e no final do segundo tempo Drogba marcou o gol da vitória e do troféu... Quando acabou o jogo eu virei para o Horacio, que não abandonou a mesa em nenhum momento e disse:  obrigado, olha onde estou...

Acho que por ter passado pela temida quartas, entrei bem concentrado e na semi-final contra Piruka comecei bem a partida e marquei logo 1x0 num golaço de cavador ( Ballack 13 ). Segurei a vitória e estava, veja bem,  na final, do Brasileiro de liso na primeira vez e logo contra quem, contra Vinhas, um craque que buscava dentro de casa não só o seu, mas o primeiro título brasileiro dos gaúchos na modalidade, que se prepararam para fazer a festa no salão do hotel Continental. Já havia vencido Vinhas em 2009 mas de livre e com 2 gols a bater. Mas um vice-campeonato brasileiro já era show de bola.

Antes do jogo, ninguém mais ninguém menos que Guido, que me ajudou no meu primeiro brasileiro, lá no início da história, veio me dizer que se eu ganhasse faria história e só ali fui saber que poderia ser o primeiro a vencer liso e livre. Nunca pensei nem em estar ali, muito menos fazer história.

Ninguém tinha vantagem na final, empate era pênaltis, não sei se por causa da mesa ou nervosismo Vinhas não começou muito bem, e logo no início, em um 2 lances, com Anelka marquei 1x0. A verdade é que a partir da semi-final passei a jogar com concentração e tranqüilidade incrível e com a vantagem no placar, pensei. Continua do mesmo jeito. Cheguei no intervalo do jogo vencendo de 1x0 e faltando 9:48 para o fim do jogo amplio o placar para 2x0, Anelka de novo. Diferente do primeiro título, onde lembro de cada detalhe, lembro muito pouco desse jogo, só sei que a cada jogada boa ouvia o Pedro gritar boa Alenio e bater palmas de seu jeito peculiar. Sei que quando marquei 2x0 e vi o tempo de jogo eu disse para mim mesmo, faltam 9 minutos, agora que cheguei aqui, não entrega Alenio, por favor. Levei um gol faltando 3:43, 2x1. Procurei segurar a bola no campo de ataque e quando a bola saiu de lá, a primeira voz que ouvi naquela final era do amigo Horácio que me avisou 18 segundos gordinho, ainda perguntei se precisava palhetar e o juiz disse que sim, era um lance simples mas, de coração, foi a palhetada mais difícil da minha vida. Quando soltei a palheta  e vi aquela bola sair pela linha de fundo, eu era o cara mais feliz do mundo, não por ser campeão ou por fazer história como alguns dizem mas, por poder estar comemorando ao lado dos meus amigos e dividir com eles esse feito, porque cada um deles foi responsável por ele. Eu só conseguia chorar por não acreditar no que tinha feito. Ah!! Graças ao celular, liguei para casa e atenderam para me dar os parabéns!!! Fiquei ainda mais feliz !!!

Falar do futebol de mesa para mim é falar da minha vida. Através dele me formei como ser humano, aprendi a dar valor a cada coisa, tratar todos com respeito e com igualdade, ser honesto acima de tudo. Valorizo cada um dos meus títulos mas dou muito mais valor a cada amigo que conquisto.

Não posso terminar sem agradecer ao Pedro, ele diz que é meu fã mas ele é muito meu ídolo, sou com certeza o filho homem que ele não teve, Horácio não tem como dimensionar o quanto gosto dele dar um valor a essa amizade ainda assim seria pouco e não seria justo. Meu pai e minha mãe, que não mediram esforços para eu poder viajar e sempre torceram por mim.

Amigos que me apoiam e torcem como o Toninho, ele saiu do salão porque não quis ver os últimos 5 minutos da final, Bruno Falcão que perdeu a final do Junior e não tava nem aí para isso porque ele diz que venceu junto comigo e todos os amigos da Portuguesa que treinam comigo, me aturam, compram as minhas idéias e lutam pelo melhor da Portuguesa e por nosso esporte.

Grande abraço a todos.