quarta-feira, 30 de novembro de 2011

DANIEL MACIEL - Publicado em 26 de novembro de 2011




















Meu nome é Daniel Alves Maciel e nasci em Caxias do Sul no dia 19 de Outubro de 1981.

Meus Amigos Botonistas, vou contar como iniciei neste esporte que amamos tanto!

Década de 80 e 90

















A primeira vez que conheci e joguei botão foi através do meu Primo Paulo Rodrigues, onde em sua casa ele me apresentou os dois times que ganhará, um time do Brasil e outro da Argentina (de plástico e adesivado), onde já me falou tu pode jogar com o Brasil, então vamos lá, a partir daí foi como se entrasse um vírus em minhas veias que foi se manifestar somente anos mais tarde...

Nessa mesma época fazíamos diversos Torneios, A Copa Daulo quando jogávamos eu e  Paulo Rodrigues, a Copa Dário quando disputávamos eu e o também meu Primo Mário de Vargas e quando duelávamos nós três juntos era então a famosa Copa Primos que é jogada até os dias de hoje na sede.
E como na nossa Serra Gaúcha normalmente o tempo é instável, então quando éramos crianças cada um pegava em torno de uns 12 times e fazíamos um torneio, que a regra era parecida com a tok-tok.

2003

















Era meados de 2003 quando fui ler o nosso Jornal Pioneiro e nele no caderno de esportes tinha uma matéria de uma página inteira falando sobre a Associação de Futebol de Mesa que estava comemorando 38 anos de sua fundação e ficava situada na rua Garibaldi em uma sala comercial no Sexto andar. Então fiquei maluco,  fui lá conferir o que era aquilo, pois sempre quis jogar botão e não sabia que existia na minha cidade.

Chegando lá falei com um senhor muito sério e de muitos títulos em sua extensa carreira, o sr. Vanderlei Duarte, um verdadeiro abnegado pelo esporte em nossa cidade. Ele me mostrou os botões, as mesas, a bolinha, as réguas e como era jogado na regra Brasileira e eu fiquei fascinado, era como se aquele vírus voltasse a se manifestar novamente. A partir desse dia ia todos os dias na sede para aprender com ele como se jogava e tudo mais. Porém era uma época financeira muito difícil para me associar, pois a sala comercial onde eles jogavam tinha um aluguel muito caro e cada sócio pagava em torno de R$ 60,00 por mês. Então o Vanderlei inventou uma promoção para que eu pudesse entrar na Associação, ele me fez R$ 15,00 a mensalidade, pelos primeiros três meses, hehehe!

Também tive dificuldade para comprar o meu primeiro time, então o Empresário dos Botões em Caxias, Clóvis Baixas me vendeu um time do Palestra por R$ 100,00 dividido em duas vezes pra pagar, hehehe!

Mas não satisfeito no final desse mesmo ano consegui vender esse Palestra para o Mário começar a jogar e mandei fazer o meu time personalizado do DAM (Daniel Alves Maciel) no seu Manoel que o Mestre Vanderlei Duarte com muita dedicação havia criado a arte.

2004

















Nesse mesmo ano praticamente era jogado em nossa sede somente o Campeonato Caxiense e era disputado o ano inteiro, então como eu entrei na metade do ano anterior, eu não pude participar, porém acredito que isso foi melhor, pois quando comecei a jogar o Campeonato Oficial somente em 2004, eu já não era carne fresca, hehehe, tanto que nesse mesmo ano consegui me classificar para o quadrangular final e saindo na foto com a Quarta colocação e o Marcos Zeni com a sua Ponte Preta sai Campeão.

Esse foi o ano que tive o prazer de conhecer pessoalmente o meu Grande Mestre, Conselheiro e agora Pai adotivo Adauto Celso Sambaquy em sua breve visita a nossa cidade, onde tive o grande prazer de jogar uma partida amistosa com ele e isso foi muito marcante até hoje.

2005















Já em 2005 gostaria de jogar com gente diferente, fazer Caxias voltar ao cenário das competições externas e essa vontade foi tão grande que mesmo ainda não filiados a Federação Gaúcha, o Amigo Carlos Roberto Foscheira descobriu a gente e através do Vanderlei nos convidou para disputar o Torneio de Aniversário da Cidade de Porto Alegre. Então prontamente atendemos o convite e nesse fomos eu, o Mário e o Émerson para a primeira disputa externa. Chegando lá conheci o também abnegado pelo esporte Foscheira, o incansável Breno e o dedicado Bopp que na época no Grêmio estavam deslumbrados com a modalidade Liso. Apesar de ser um torneio com pouca gente, voltamos muito animados por conhecer outros praticantes do nosso esporte e também por eu ter conquistado o Vice-Campeonato.

A partir daí, fizemos uma parceria com o Grêmio muito interessante, com diversas integrações tanto em Caxias, como em Porto Alegre e acredito que o Departamento de Futebol de Mesa do Grêmio, principalmente através de Foscheira e Breno, que ajudaram muito a nos inserirmos nos Campeonatos Oficiais da FGFM.

No mesmo ano disputamos o II Experimental de Lisos no COP em Pelotas, onde na época fomos recebidos com muito pouco caso, pelo então Presidente o Senhor Mário Baptista. Mas isso não nos abalou...

Tanto que no mesmo ano realizamos a Taça 40 anos de Fundação da Liga Caxiense no Shopping Martecenter em Caxias do Sul com a presença de diversos Botonistas do Estado. Nessa oportunidade fiquei conhecendo o meu Grande Amigo Marcelo Vinhas e o seu Dindo Osmar. A inseparável dupla César e André na época da Afumepa, os simpáticos Cláudio e Rodolfo de Santa Catarina, entre outros. Esse foi vencido pelo Vinhas, com o César em Segundo e Eu em Terceiro.
Ainda em 2005 tive a grande felicidade de levantar o meu primeiro título de Campeão Caxiense.





















2006

















Em 2006 depois de muita luta interna, pois o nosso pessoal não tinha interesse de jogar fora da cidade e com todo o movimento que realizamos para divulgar o Esporte em Caxias e a modalidade Liso no Estado, acabamos nos federando a Federação Gaúcha e com isso na gestão do Presidente Cláudio Luiz Schemes da Afumepa, sendo assim inserido oficialmente o  primeiro Estadual Liso no estado do Rio Grande do Sul. E tivemos o prazer de realizar  em nossa cidade com a presença de 31 Botonistas, onde o Vinhas sai campeão com o nosso excelente Daniel Pizzamiglio em Segundo. Nesse campeonato tive o prazer de conhecer outros Botonistas que hoje são grandes Amigos, entre eles o Sérgio de Oliveira, o meu Chefe Zilber e o Alemão Augusto.

No mesmo ano disputamos o Centro-Sul em Criciúma e foi a nossa viajem mais divertida até então, fomos novamente com o meu Golzinho Quadrado 007 lotado, foram Eu, o Mário, Ednei, Paulo e o Daniel Pizzamiglio. Demos tanta rizada que na volta eu tive que parar o carro diversas vezes, pois não me agüentava mais de tanto rir...

No mesmo ano sentimos a necessidade de vôos mais ousados, então fomos atrás de patrocínio junto a Prefeitura de Caxias do Sul, através do Fundel (Fundo de Desenvolvimento de Esporte e Lazer), para angariar verba para ir disputar o nosso primeiro Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa que seria realizado em Vitória-ES.  O projeto foi aceito pela CAS (Comissão de Avaliação e Seleção) e então conseguimos levar Seis Botonistas para disputar o Campeonato, foi um sucesso, a maioria ainda nunca tinha viajado de avião, vocês imaginem...

Nesse Campeonato tivemos a oportunidade de conhecer as grande feras do nosso esporte a nível nacional. E também fazer novos amigos, entre eles os nosso Irmãos Capixabas.

Eu acredito que foi através dessa parceria entre a AFM/Caxias e a Prefeitura de Caxias do Sul/Fundel que projetamos toda a evolução Caxiense nesse esporte, pois a parceria até os dias de hoje é renovada a cada ano e com isso conseguimos disputar a todos os Campeonatos Nacionais da nossa categoria, além de podermos realizar os Campeonatos Estaduais em nossa cidade com toda a estrutura que eles merecem. Foi através de um projeto desses que hoje revelamos os Juniores Gustavo Pica-Pau e Hemerson, que já estão nos dando muito orgulho, além de projetarmos o futuro do nosso esporte.

2007

















Em 2007 tive o meu primeiro pódio a nível nacional, terminei em Terceiro no Centro-Sul realizado em Pelotas, onde o Vinhas sai Campeão e o Pierobom foi Vice.
Nesse mesmo ano o Amigo André Marques venceu o Estadual da Modalidade Liso realizado no Grêmio.Também realizamos algumas integrações com os Amigos da Afumepa em Caxias do Sul.

Ainda em 2007 começou a jogar conosco um cara com uma Juventus, muito dedicado e com chutes precisos, o meu Bruxo Luciano Carraro, não conheço ninguém no Brasil que treina em três turnos diários que nem ele! 

2008

















Em 2008 tivemos a grande alegria de conquistarmos o título de Campeão Estadual com o meu Bruxo Daniel Pizzamiglio, esse campeonato foi realizado nas dependências da Afumepa. Nesse mesmo ano o Vinhas sai Bi-Campeão do Centro-Sul em Vitória-ES.

Ainda em 2008 fomos convidados pela nossa entidade co-irmã Academia de Pelotas a participar da Copa da Academia e também participar do ilustre churrasco na casa do Fernando (LFS), esse torneio foi muito importante, pois conseguimos estreitar uma grande amizade com Amigos da Academia até os dias de hoje e claro o churrasco é algo espetacular!

Nesse ano assumi o meu maior compromisso até então, fui eleito o Presidente da AFM/Caxias tendo que revolucionar alguns métodos muito arcaicos que ainda eram aplicados e então promovendo grandes mudanças, inclusive a de nossa sede para uma sala bem maior no Ginásio do Vascão, onde estamos até hoje.
Outras grandes mudanças internas foram necessárias para a manutenção e o bem estar do esporte em nossa cidade, que ajudaram na ótima convivência que temos até os dias de hoje.

2009











Ainda em 2009 foi criado o Estadual por Equipes da Modalidade Liso, realizado em Caxias, tivemos a felicidade de sairmos Campeões, a equipe contou com Maciel, Mário, D. Pizzamiglio, Crosa e A. Prezzi. Nesse mesmo o meu Amigo Vinhas conquistou novamente o Estadual e o Centro-Sul.

Ainda em 2009 tive a felicidade de conquistar o meu segundo Campeonato Caxiense.

Nesse mesmo ano fiz novas amizades, tais quais o Matias da Academia, o Dinossauro Guido e a lenda viva Robson Bauer, nosso melhor churrasqueiro da região. Foi também nesse ano que contratei o melhor goleiro de todos os tempos, o Sandro Mazzochi.

2010

















Em 2010 no Centro-Sul do Rio de Janeiro conheci outra figuraça, o grande amigo Chambinho que devido a essa grande parceria criamos o nosso núcleo em São Paulo.

Nesse ano tive o grande prazer de ver outro Amigaço Sérgio de Oliveira levantar o Título de Campeão Estadual Liso, sem levar nenhum gol seguer. Foi muito emocionante, pois na época ele disputava os nossos torneios internos, foi como se AFM/Caxias ganhasse também.

No Brasileiro de Porto Alegre ficamos no quase, com o nosso maior expoente da modalidade Liso Marcelo Vinhas, mas ele não perdeu o título para qualquer um, ele perdeu para Alênio que com a sua ficha e muita habilidade levantou o caneco para os Cariocas.

Mas tivemos os títulos na categoria Máster com o Laurinho da Franzen e Junior com o Marcelo da Pelotense.

Fizemos bonito no Brasileiro de Equipes Liso 2010 terminando com a Quarta colocação, a equipe contou com Maciel, Mário e Carraro.

Somente esse ano tive o prazer de duelar pela primeira vez com o Holanda de Pedrinho e o Vinicius Celso Roth.

Também tivemos uma grande revelação na modalidade Liso, Alex Degani da Riograndina que conquistou o título Estadual e de quebra ficou em Sexto Lugar no Brasileiro Especial Liso. Mas claro tudo isso graças aos seus treinos com o Amigo João Garima.

Ainda nesse ano tive o grande prazer de entregar o Troféu de Campeão Centro-Sul-Brasileiro Liso para o meu “Irmão” Mário de Vargas. Onde o Robson terminou em Segundo, o Tiago Feliz-ES em Terceiro e o Daniel Pizzamiglio em quarto. Também recebemos o troféu de Terceiro Lugar com o Pica-Pau na categoria Junior. Ainda entregamos a homenagem por todos os serviços prestados ao nosso esporte a Sambaquy.

2011

















2011 é um ano no qual eu gostaria que demorasse mais um pouco para acabar, pois consegui conquistar o “Experimental” da Taça RS de Lisos, também fiz a minha melhor campanha em Campeonatos Brasileiros, com a Oitava colocação. Em Caxias conquistei a Copa Caxias e os Jogos Abertos e cheguei na zona de premiação em outros torneios no estado. No Brasileiro de Equipes Liso ficamos com a excelente Terceira colocação e no Livre fomos Vice-Campeões com Cristian, Chambinho e Cícero.

Tivemos no individual o Cristian que foi o Bi-Campeão Brasileiro de Livre, nos Juniores Pica-Pau e Hemerson que ficaram na Segunda e Quarta colocação respectivamente. E o nosso Craque Vinhas figurou na foto novamente nos Lisos.















Desculpem por enaltecer tanto a vitória dos meus Amigos, mas para eu se eles ganharem eu ganho também.

Me lembro muito bem que logo que entrei na Associação o Vanderlei falava “Esse cara será o nosso futuro Presidente, é ele quem vai tocar tudo isso aqui”. Eu sinceramente não acreditava muito nisso, mas hoje devido a toda essa dedicação ao esporte aqui estamos, pronto para mais um desafio e espero atender a todas as nossas necessidades agora a nível estadual e conto com a ajuda de todos vocês, pois ninguém realiza nada sozinho...

Um grande abraço e viva o nosso esporte!

CLAIR MARQUES - Publicado em 19 de novembro de 2011




















Quero agradecer ao Clair que hoje reside em Paranaguá no Paraná em atender meu convite para fazer parte do GOTHE CROMO GOL. O Clair é o 30º Cromo desta série que já conta com incríveis histórias que vão na verdade através de um vasto e complexo quebra-cabeças, remontando a história do nosso Futebol de Mesa. Confesso que a narrativa do Clair Marques passa a ser uma das minhas preferidas, se não a preferida. Ele resgata um tempo sem expressar em excesso seus sentimentos, mas cada palavra faz exatamente o sentido que sua alma quer perdurar. Para quem não sabe o Clair foi o 1º Campeão dos internos da Riograndina, além de ter sido o 1º Campeão da história da Taça RS da qual teremos mais uma edição no próximo final de semana. As fotos que envia e que estão ao longo da narrativa, ilustram a paisagem de um texto que mais parece uma pintura. Aproveitem.

O FUTMESA NA MINHA VIDA

A minha história sobre o futmesa, está muito vinculada a história do futmesa na cidade do Rio Grande. Porque gosto de praticar o futmesa e ao mesmo tempo, queria torná-lo conhecido e organizado na minha cidade, coisa que não acontecera até então. Tudo começou quando fui morar na rua Carlos Gomes, à meia quadra da famosa Praça AlmiranteTamandaré que ocupa uma quadra inteira no centro da cidade do Rio Grande.  Nesta casa, na festinha de aniversário dos meus 12 anos, dia 15 de novembro de 1956, ganhei vários presentes, inclusive uma bicicleta nova. Mas, o presente que mais me chamou a atenção, eu ganhei do meu cunhado. Foram dois times de “futebol de botão”, um do América e outro do Flamengo do Rio de Janeiro. Na época chamávamos esses times de “apropriados”. Não sei por qual razão. Naquele dia mesmo, no piso de madeira da nossa sala, comecei a praticar o futebol de mesa. Foi paixão à primeira vista! Esporte que pratico até hoje, minha terapia, verdadeira válvula de escape para as tensões do cotidiano, mais um hobby do que um esporte para mim.Todos no futmesa têm um rival que é mais difícil de ser vencido. O meu  sempre foi o Carlos Roberto Rocha. Um “polaco” franzino que chamávamos de Robertinho. Nos jogos contra ele, se eu falhasse uma única vez, acabava perdendo o jogo. Ele conseguia fazer gols, chutando com um botão de uns dezoito graus e a bolinha distando apenas um dedo da linha de fundo. O cara era um terror, quando investia pela linha de fundo. O melhor que vi até hoje executar essa jogada. Nesta época, jogávamos na Regra Gaúcha e a trave era bem mais baixa que a atual. A recíproca também era verdadeira, se me sobrasse uma única bolinha era caixa certa. O Robertinho já “jogava botão”, como falávamos na época, na Padaria Sul América que ficava na esquina da quadra que eu morava. Lá todos os sábados á noite, depois que a padaria fechava, disputavam uns torneios muito legais, com uns botões que eu não conhecia chamados de “puxadores”. Convidado pelo Robertinho, fui conhecer aquela nova maneira de jogar botão. Lá jogavam, o proprietário Antonio Leite e o seu filho Antoninho, também o Rominho, Grilo,  Zé e Waldir Tosi Ferreira que era conhecido como o Campeão da Padaria. Fiquei impressionado com o que vi. Os caras jogavam muito bem! Principalmente comparando comigo que estava começando a jogar. A regra utilizada foi confeccionada por eles mesmo. Mas, era muito boa de jogar. A bolinha era um botão pequeno, muito utilizado em calças masculinas na época. Fiquei entusiasmado! Tinha que conseguir um time de botões “puxadores” para poder jogar com aquelas “feras”.  Descobri que tinham à venda esses botões na loja “Confiança” em Rio Grande. Também fiquei sabendo que os tais “puxadores” eram fabricados com “galalite”, um produto cuja matéria prima era importada do Uruguai e confeccionados numa fábrica situada em Petrópolis, numa região conhecida como Vila Scharlau em Porto Alegre. Os botões eram muito bonitos, confeccionados de uma, duas e três camadas, de cores diferentes. Consegui dinheiro e comprei um time. Não era todo novo. Alguns comprei novos e outros de colegas. Surgiu então o meu “Real Madrid” que tinha a mesma escalação do timaço espanhol de 1960: Domingues, Santa Maria e Casado; Marquitos, Vidal e Pachin; Canário (brasileiro), Del Sol, Di Stéfano, Puskas e Gento. Na época, esse time de futebol da Espanha, era famosíssimo, equivalente ao Barcelona de hoje. Sabíamos informações do Real Madrid, somente através da “Revista do Esporte”, jornais e rádio. Na época, no Brasil não tínhamos televisão, Internet, nem celular. Pouquíssimas pessoas tinham telefone fixo ou automóvel. Bem diferente da época atual que assistimos ao vivo os principais jogos dos grandes times da Europa. Comecei a jogar todos os sábados á noite na Padaria Sul América. Com a prática consegui fazer meu jogo evoluir um pouco. O tempo foi passando... Fui conhecendo novos praticantes do futebol de mesa de diversas regiões da cidade. Cada região tinha uma regra diferente de jogar. Isso dificultava bastante. Invariavelmente a pergunta era: em qual regra vamos jogar? O meu sonho era que todos praticassem o futmesa numa regra unificada. Um dia fui jogar na “Região do Alemão” que tinha regra diferente da nossa. Acabei levando uma goleada de 4x0 do Alemão. E, ainda tive que agüentar as risadas estridentes e gozações intermináveis dele. Agüentei firme! Mas, intimamente, prometi que treinaria bastante para me vingar daquela goleada.  Não demorou muito tempo, jogando na regra dele, consegui devolver os 4x0 ao Alemão que estavam, como um espinho de peixe, atravessados na minha garganta!...  Juntamente com os meus amigos, jogamos também um torneio contra a turma do Jorge Melo, na época um menino com a idade e jogo parecidos com o Yago. Ou seja, jogava muito bem! Neste torneio, conheci  Paulo Roberto Monteiro, grande botonista e amigo, cujos jogos entre nós, tornaram-se grandes clássicos na ARFM.




















Maurice Hallal (esquerda), Clair Marques e Carlos Roberto Rocha “Robertinho”

Muito legal também naquela época eram as trocas de botões, chamadas novas aquisições. Ficaram famosas as trocas do Gilberto Andrade, ponteiro esquerdo goleador do meu Internacional e o ponteiro direito Sapiranga que troquei por dois times completos. Também inesquecível foi a contratação do zagueirão “Navarro”. O jogador estava emprestado pelo Fares ao Paulo Roberto, dois amigos meus da época, e provavelmente o Paulo Roberto iria comprá-lo. Discretamente, me atravessei no negócio, falei com o Fares e ofereci três botões por ele. E, depois de muito insistir com o Fares, consegui adquiri-lo. O Fares pediu devolução do jogador ao Paulo Roberto, como se fosse jogar com ele. E, trocou-o comigo. Era de duas camadas, amarelo perolizado na camada de cima e meio lilás na de baixo. Nunca mais larguei esse botão. Integrou um time chamado Internazionale que joguei durante muitos anos.

Soubemos que havia sido fundada pelo desportista Lenine Macedo Souza em Porto Alegre no ano de 1961 a Federação Riograndense de Futebol de Mesa. Compramos duas mesa oficiais. Uma de imbuia e outra de “pau marfim” da Federação Riograndense de Futebol de Mesa e começamos a jogar numa edícula que tinha nos fundos da minha casa.  Fundamos um clube denominado Clube Recreativo Estrela Vermelha, criado para a prática do futebol de mesa. Começamos a associar novos botonistas. Surgiram diversos novos adeptos.  Marcamos a realização do 1º Campeonato Oficial Citadino Aberto de Futebol de Mesa, a ser realizado na cidade do Rio Grande, na regra oficial da Federação Riograndense de Futebol de Mesa. Os disputantes eram divididos em três categorias: de 08 a 13 anos,  a categoria infantil; de 13 a 18 anos, a categoria juvenil e de 18 em diante a categoria adulto. Na categoria infantil inscreveram-se: Carlos Moscarelli, Jorge Hallal e Sergio “Bagana”. Na categoria juvenil: Clair Marques (Internazionale), Carlos Roberto Rocha o “Robertinho” (Juventus) e Maurice Hallal (Milan). Na categoria adulto, inscreveram-se 10 botonistas. Ao final do campeonato as classificações foram as seguintes: categoria infantil, Campeão Jorge Hallal; categoria juvenil, Campeão Clair Marques e categoria adulto, Campeão Waldir Tosi . Este trio representou a cidade do Rio Grande no 1º Campeonato Estadual, promovido pela Federação Riograndense de Futebol de Mesa, realizado no Clube dos Aviadores que na época era na subida do viaduto da rua Borges de Medeiros,em Porto Alegre. Waldir Tosi Ferreira e Clair não obtiveram boas colocações, mas Jorge Hallal sagrou-se Campeão Estadual da Categoria Infantil, ganhando com folga dos seus adversários. Chegou a fazer 13x1 num dos adversários. Detalhe curioso é que um dos adversários de Jorge Hallal no Estadual foi Ivo Wortmann, ex-jogador de futebol que passou por vários clubes, inclusive como treinador.




















Lenine Macedo Souza (fundador e presidente da Federação Riograndense de Futmesa), Jorge Hallal e Clair Marques (na direita)

Daí em diante, o futebol de mesa começou a ser tornar organizado e divulgado  em Rio Grande e surgiram bastante adeptos. Campeonatos abertos foram realizados anualmente em clubes ou colégios, gentilmente cedidos.  Cada ano, surgiam novos e excelentes botonistas. Já havia um grande número de botonistas jogando, quando foi criada a Liga Riograndina de Futebol de Mesa.  Porém, o 1º presidente da Liga recentemente criada, começou a se atritar com o botonista Waldir Tosi. Certa vez esse cidadão, mandou colar chumbo na parte de baixo da cava de dois zagueiros do seu time, visando quebrar botões do Waldir Tosi durante um jogo. Coisa de gente doida!  O ambiente começou a ficar pesado e vários botonistas desgostosos afastaram-se. Por aproximadamente dois anos seguidos, não foram realizados certames citadinos abertos em Rio Grande. Em 1966, num torneio de aniversário da Liga Caxiense, disputado na regra gaúcha, participaram em Caxias do Sul, por convite, dois botonistas de Rio Grande, Clair Marques e Gerson Marcílio Soares Garcia. Neste torneio, participaram também dois botonistas de Salvador-BA, Oldemar Seixas, jogando com o time do Ipiranga e Ademar Carvalho, com o time do Vitória. Estes dois desportistas, vieram a Caxias do Sul, participar do torneio e confraternizar com os gaúchos, convidados por Adauto Celso Sambaquy de Caxias do Sul  e verificar a possibilidade de ser criada a Regra Brasileira de Futebol de Mesa. Após o término do Torneio em Caxias do Sul, reuniram-se no Hotel Alfred,  Adauto Celso Sambaquy, Clair Marques, Oldemar Seixas e Ademar Carvalho. Foram debatidos vários aspectos das regras gaúcha e baiana e ficou acertado que no início de 1967, Adauto Sambaquy,  presidente da Liga Caxiense e Gilberto Ghizi, presidente da Federação Riograndense de Futebol de Mesa, iriam a Salvador e juntamente com uma comissão de botonistas baianos, procurariam pinçar o que de melhor possuíam as regras gaúcha e baiana, para ser criada a Regra Brasileira de Futebol de Mesa. Isso de fato ocorreu no início de 1967, entretanto os baianos cumularam os gaúchos de gentilezas durante suas estadias na boa terra.  A comissão de desportistas baianos era formada por Oldemar Seixas, Ademar Carvalho, Roberto Dartanhã e Nelson Carvalho, enquanto a comissão gaúcha era constituída  por Adauto Sambaquy e Gilberto Ghizi. Nas reuniões para a confecção da nova Regra Brasileira, os argumentos baianos foram mais convincentes. Pesou também, o fato dos botões baianos serem padronizados, exatamente iguais as camisas de vários times do futebol brasileiro, maiores e mais vistosos,  e as mesas e traves também bem maiores. Por todos esses fatores a seu favor, a Regra Brasileira de Futebol de Mesa que foi criada na oportunidade, acabou sendo quase 100% da regra baiana.  Por isto que até hoje, muitos a conhecem por Regra Baiana. E, por esse fato, a maioria dos botonistas da Liga Riograndina de Futebol de Mesa, não aceitaram a nova regra e preferiram continuar jogando na Regra Gaúcha. Se tivessem aderido de imediato à Regra Brasileira, hoje a ARFM seria no mínimo a 2ª. associação mais antiga do RS, depois da Associação de Caxias do Sul. Em 1979, dois amigos participarem por convite, de um Campeonato Brasileiro de futebol de mesa realizado em Jaguarão na regra brasileira e voltaram maravilhados com a organização do evento.  Com os dois citados e mais um grupo de amigos, fundamos a Associação Riograndina de Futebol de Mesa. Vale destacar a grande colaboração de Ademir Freitas Duarte na confecção, pintura com anilina e marcação das duas primeiras mesas e na sugestão do escudo da nova entidade que permanece o mesmo até os dias de hoje. Conseguimos emprestada uma sala para jogar no Jockey Club de Rio Grande, na rua  Mal. Floriano Peixoto, bem no centro da cidade. A ARFM continuou crescendo e ingressaram no seu quadro, vários botonistas conhecidos, como Luiz Alfredo de Boer, Carlos Alberto Perazzo, Ronir Oliveira, Paulo Roberto Monteiro, Mário Constantino, o “Mané”, Gilberto Pereira, Omar Schmidt, Alfredo Brito, Douglas Brito, Batista, Silvio Silveira, Alan Casartelli e tantos outros que fizeram e continuam fazendo a história da ARFM. Fico muito feliz e agradecido, por saber que aquela arvorezinha que plantei em 1979, com a ajuda de amigos, cresceu, foi podada, adubada, cuidada com carinho pelo Perazzo, Omar, Batista, Douglas, Silvio, Sandro, atualmente é BI-Campeã Brasileira Livre de Equipes e produziu grandes campeões como Sílvio Silveira, Alex Degani, Duda e Michel.  Em 1992, transferido da empresa que trabalhava, fui morar em Paranaguá-PR. Passei 14 anos sem praticar o futmesa. Em 2005, por informação do meu amigo Sérgio Oliveira, fiquei sabendo que Mauro Paluma, um botonista oriundo do , Rio de Janeiro, estava morando em Curitiba e procurava outros adeptos da regra 01 toque, para retomar a pratica do futmesa.  Entrei em contato com o Mauro pelo telefone fornecido pelo Sérgio e soube que ele tinha conseguido uma mesa doada pelo Claudio Savi Guimarães que havia sido montada no Clube D.Pedro II. O Mauro tinha localizado também em Curitiba, o Jeferson Mesquita, de Uruguaiana que já havia jogado pelo COP-Pelotas. No dia combinado, viajei de Paranaguá a Curitiba, cuja distância é de 95km. No trajeto que já havia percorrido por várias vezes para outras finalidades, custava a acreditar que estava indo a Curitiba, para voltar a praticar o futmesa, meu hobby favorito, depois de tantos anos sem jogar. Surgiram outros adeptos como Marcelo Silva, Alexandre Magnus e Luiz Henrique Ramalho da Roza e em maio de 2005, fundamos a AFUMTIBA-Associação de Futebol de Mesa de Curitiba e Região Metropolitana. Títulos conquistados: Tetra-campeão do certame interno da ARFM (1979, 1983, 1987 e 1991); Campeão do Torneio Fronteirão (1983); Bi-campeão da Taça RS (1980 e 1985). Maior façanha: ter disputado 24 jogos, SEM LEVAR NENHUM GOL, em Livramento que na época era onde se praticava o melhor futebol de mesa do RS, num Fronteirão e Estadual. Maior de todos os título: todos os grandes amigos que conquistei nestes meus 40 anos de prática do futmesa.

Fotos cortesia by arquivo pessoal de Clair Marques