segunda-feira, 26 de março de 2012

EDSON (SAPO) - Publicado em 22 de março de 2012




















Recebi o convite para contar minha hi­­­­stória no Gothe Cromo Gol, aceitei na hora! Acompanho cada história e vejo o amor e dedicação de tantas feras e não só nas mesas, como principalmente fora, só colocar os times na mesa e jogar é cômodo.

Vou começar me apresentando, meu nome é Edson Luis Ferreira Pereira, também conhecido por Sapo, sou natural e moro em Pelotas e tenho 42 anos. Tudo começou quando mudei de bairro fui morar na Cohab-Fragata no início dos anos 80, logo consegui  uma turma e começamos a jogar, iniciamos com botões de acrílico de camadas todos rampas pois a bolinha era milho, tínhamos de lixar o milho pra tentar deixar ele uniforme, eu pra variar era o menos qualificado da turma, geralmente levava a lanterna pra casa, a "fera" dessa turma era o hoje conhecido radialista da rádio Guaíba o Rogério Bhoelke, o cara na época tinha no fundo da sua casa uma peça só com as tralhas dele, anotava tudo de futebol e adorava fazer estatísticas das nossas partidas, lembro que o vencedor de nosso torneio jogava com o vencedor de uma turma vizinha tipo mundial (eu nunca joguei essa partida, risos. . . ) os anos passaram, e no final da década de 80 descobri um campeonato que existia algumas quadras da minha casa. Foi aí que fui apresentado a bolinha oficial. Esse campeonato tinha várias feras: Jeferson, Ederlin e Valter, todos conhecidos na regra oficial. E eu com meu River Plate, fui lá ver e tentar jogar este campeonato. Chegando lá, fui bem recebido pelo “seu João”, pai do Botelho e dono da casa. De primeira notei que eles jogavam completamente diferente de mim e para completar meus botões eram diferentes!!! Não teria condições de jogar, então fui ao mercado! Fui no grande fabricante de puxadores: o Becker. Montada a equipe mudei de Clube, virei Fluminense e novamente era o saco de pancadas. Lembro de um jogo (o Jeferson também comentou sobre este jogo), me chamou a atenção a dedicação e a gana de vitórias de certos jogadores, eu jogava contra o Jeferson e ele começou a sangrar o nariz (acho que ele estava nervoso por jogar contra mim, rsrsrs) eu não conseguia me concentrar no jogo, preocupado, e ele nem aí jogando como se estivesse numa final de Copa. Resumindo...tomei 10x1..rsrsrsrs.
Um dia o Jeferson chegou com uma novidade: a Associação de “Botão Oficial”. Fiquei curioso e fui junto com ele, chegando lá fui recebido pelo saudoso Presidente Everson. Enchi os olhos e me encantei com aquela estrutura, com mesas enormes, botões uniformizados e técnicos com a camiseta do seu clube. Isso era final do ano de 92. Lembro que eu não tinha dinheiro para comprar um time, fiquei a tarde toda olhando os jogos, de repente, chega perto de mim o Sinval, com aquele jeito dele “e aí malandro, vais jogar ano que vem??” – falei que queria, mas não tinha time para jogar e ele na hora me respondeu: - “eu te empresto um time malandro!” Fiquei pensando, como pode uma pessoa que nunca me viu me emprestar algo? Naquela hora ganhei um grande amigo!! Time na mão,  comecei meus treinos. Aí me vi em outro dilema, não poderia ser Fluminense, pois já tinha o Diego Figueira. Retornei ao River Plate. Então início de 93, jogo a primeira divisão (divisão de acesso APFM). O campeonato terminou com 5, advinha quem foi o 5º ?? rsrsrs, mas fiquei feliz, pois meu amigo Valter foi campeão e subiu para a divisão especial. No fim do mesmo ano, aconteceu algo que me marcou muito, torneio de encerramento, o Presidente da APFM na época, o Everson, morava no mesmo bairro que eu, Jeferson, Ederlin, Valter e Botelho, nunca quis treinar com nenhum dos vizinhos, porém neste torneio ele teve que jogar com o Botelho, rimos muito e provocamos ele, dizendo que ele não podia fugir agora. Inicia o jogo no qual eu apitava, o Everson faz 1x0, alguns minutos e Botelho empata, lá pelos 20 minutos do primeiro tempo, vejo que Everson não está se sentindo bem. Falei a ele que iria parar o jogo mas ele terminou assim mesmo o primeiro tempo. Ao término do tempo ele pediu ajuda, e caiu! Estava tendo um derrame! Naquela noite ele faleceu. Foi um fato marcante por estar presente e ver a determinação e o amor que ele tinha pelo futebol de mesa.
Em 94 fui jogar novamente com meu River Plate a primeira divisão. Este ano o Jeferson teve coragem para jogar, novamente tive um primeiro turno horrível, ficando quase em último, foi aí que (ainda bem), aconteceu a mudança no meu jogo, troquei todas as minhas fichas por réguas, parecia um milagre!!! Consegui no segundo turno me classificar para as finais e terminei em 3º lugar o Campeonato, atrás do Jeferson o campeão e Daniel em segundo. Subiam dois para a divisão especial, então fiquei na torcida por uma desistência, e foi o que aconteceu (subi no tapetão, rsrsrs).
Ano de 95, minha primeira especial, mudei novamente de time, fui Atlético Mineiro, até a estreia, fiquei muito nervoso, pois jogar com feras como: Marcelo Conceição, Carlos, Bira, Aldyr, Figueira, Said, Pierobom, Osmar, Zilber, Alexandre entre outros. Era um privilégio e fui lá jogar minha bolinha. Tudo para mim era festa, tomava 6 e saía rindo! Mas foi em um jogo contra o Getúlio que vi que devería entrar no “espírito de competição”. Começa o jogo, 1x0 para mim, e Getúlio atacando, afinal quem queria se classificar tinha que ganhar os dois pontos contra mim (na época, era dois pontos por vitória). Sobra uma bola que eu poderia facilmente sair jogando, e o Getúlio disse: -“Deixei cavar, rapaz cava muito!” Me envaideci com aquele comentário e achando que eu era o Guido, fui para a cavada, 2 toques e Getúlio empata!! Aí pensei: o empate com o Getúlio é ótimo!! Bola vai, bola vem e eis que sobra outra bola idêntica, novamente escuto: -“Deixei novamente para o rapaz cavar!!” E eu , no alto da minha sabedoria vou para a cavada, pimba!! Dois toques, 2x1 para o Getúlio!! Fiquei uma semana sem tocar em botões. Fui mal no campeonato, terminando no torneio da morte (os dois últimos eram rebaixados). Ganhei todos os meus jogos e fui campeão, permanecendo na divisão especial.
De 96 a 98 não joguei por motivos particulares. Em 99 retorno, mas aí já com a divisão da turma da academia. Foi neste ano que comecei minha carreira de cartola, fui Departamento Técnico. Nesta época voltei com uma fome de jogo, olha o que fazíamos, eu, Jeferson, Daniel, Geovani (filho do Getúlio), Ederlin entre outros, íamos para a sede da APFM às 22 horas, levávamos lanche e o Giovane levava a esposa e uma TV para ela assistir e ficávamos treinando até a madrugada!
Em 2000, novamente tivemos mudanças e eu a minha principal, adotei o Vasco da Gama.
Em 2001, comigo na cartolagem e outros cartolas conseguimos formar um excelente grupo, vejam só o nível deste campeonato: Aldyr, Carlos, Edson, Jeferson, Victor Panda, Nilson, Joni, Said, Augusto, Marcos Piruka, Bruno, Charles, Getúlio, Ederlin, Valter, Sinval, Schlee, Zé Vitor entre outros. Ano difícil de administrar egos, rsrsrs.
Em 2002, por falta de horários no sábado, joguei a primeira divisão (divisão de acesso) muito forte por sinal, com Augusto, Zé Mello, M. Curi, e Badia, fui campeão!
Em 2003, continuei no grupo intermediário e em 2004 meu primeiro ano entre os 4 e fiquei em 3º.
Em 2005 e 2006 não joguei.
Em 2007 fui 4º colocado.
Em 2008 e em 2009 não joguei.
Em 2010, ano especial para mim. Cinco campeonatos oficiais na APFM, cinco títulos do Vasco, e ainda o 4º lugar no campeonato estadual por equipes e o 4º na taça RS.
Em 2011, assumo um grande compromisso, a presidência da APFM, infelizmente tivemos uma divisão no grupo, mas mantivemos um grupo forte e o principal, um grupo de amigos. 

Campeonatos externos

Em 1999 meu primeiro estadual. Partimos de Pelotas à Porto Alegre, eu, Charles, Marcelo, Marcos e Valter. Na minha mente, só queria passar da primeira fase, consegui, estou entre os 32. Passei novamente de fase, estou entre os 16, pensei: que honra!! Eis o sorteio da chave: Bruno da Academia (3º lugar neste campeonato) Cristian Afumerg (segundo lugar) e Rodrigo da Afumepa. Última rodada da chave, jogam Bruno e Rodrigo, eu e Cristian, todos os jogos da chave tinham sido empate, 15 minutos do segundo tempo sobra um chute para o meu botão número 20 (Gallardo) me concentro, chuto, bola no peito do goleiro e rebote, chute do Cristian, de cavador e lá de trás e ele faz o gol, fui eliminado. Vocês não tem noção da tristeza que fiquei!!
Em 2000, estadual por equipes em Bagé, eu, Marcos, Valter e Augusto. Fomos nos arrastando no campeonato, jogamos 3 vezes contra a Riocell, perdemos as duas primeiras e a mais importante que foi a semi-final ganhamos , final Pelotense, APFM contra COP, e Academia apitando. Perdemos e ficamos com o vice-campeonato. A equipe do COP era muito forte (Nilson, Moraes, Victor Panda e Fernando).
Em 2010, Taça RS, meu grande campeonato. Larguei mal, ao término dos jogos da manhã de sábado, eu estava em penúltimo na minha chave, e ainda restavam 5 jogos à tarde. Juarez (Academia), Kevin (União), Leandrinho (Círculo Militar), Cajú (Franzen) e José (D’lei). No almoço fui alvo de brincadeiras de “meu filho” Alex. Dizia ele: Na APFM, o Edson é um leão, fora é um cordeiro!! E ria muito. Começa os jogos da tarde e o Vascão  vence os 5 e termina em segundo. Vou olhar os classificados e para surpresa minha não encontro o Alex, rsrsrs. O Luis Antônio, meu adversário nas quartas de final. O empate era meu, não lembro de ter tomado uma pressão igual aquela, ainda bem que terminou em 0x0. Aí foi só felicidade, estava entre os 4 melhores da taça. Semifinal contra Michel (Riograndina), o empate era dele. Faço um gol monstro a bater, mas cedi o empate.
Esta é apenas parte da minha trajetória neste esporte maravilhoso e quero agradecer à todos os amigos que fiz nesses anos todos. Abraço!

RONIR - Publicado em 03 de março de 2012




















Começo agradecendo ao editor Ricardo Gothe a possibilidade de contar a minha historia no Futebol de Mesa, não esquecendo que o editor foi lembrado por um Grande amigo, Cristian Baptista, para a confecção deste cromo. Quando vi o primeiro já queria ser um deles, sem modéstia acho que historias tenho muitas, mas vamos a história de Ronir Rodrigues de Oliveira.

Nasci em Rio Grande no dia 10 de julho de 1964, inverno, revolução, tempo bom pra vir ao mundo. Agarrado com um irmão gêmeo, tal como o Chefe, chegava chorando numa noite fria.

Mas vamos ao que interessa, na infância muita correria, meu pai era ferroviário portanto como todos diziam na época, nasci no recinto da Viação Férrea em frente ao Cemitério local na rua 2 de novembro, me lembro pouco, pois em meados de 67 meu pai se aposentou e abriu um pequeno negócio, minha mãe na época já fazia bolos e salgadinhos para fora ajudando e muito a família, trabalhou com isso 46 anos, os padres dos casamentos mudavam, mas o bolo era da dona Carminha, minha mãe. Depois de sairmos da Rua Dom Bosco nos mudamos para a rua Major Carlos Pinto, rua do famoso canalete de hortências, ali pescava, tomava banho de chuva, corria, realmente eu o meu irmão Ruy deixávamos a mãe louca.

Em nosso aniversário de 7 anos, ganhamos bicicleta e do meu irmão mais velho, um time de panelinha pra cada um, meu irmão ganhou o time do  Corinthians, e o meu foi Palmeiras e mais o famoso “estrelão”, que perambulou por toda a casa e calçada, até mais tarde virar uma tábua de bolo....
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olha o time que tudo começou !

Com os amigos de quadra vieram os botões puxadores comprados na loja Esquina da Sorte ou no Badejo da Rua Benjamin, também vieram as trocas e os desafios de quadras tradicionais, que as vezes não passavam de uma dobrada na esquina, por aí começa o gosto pelo jogo.

Com meus amigos Luis Fernando, Sergio e o irmão dele Jaques, dobrávamos a esquina para lá encontrar com Tabajara, Cadinho, Geraldo, este com uma mesa já bem maior que o “estrelão” costumeiro ou a mesa da cozinha. Ganhasse ou perdesse a gente sempre dobrava a esquina, para jogar botão. Nesta época, pasmem, o Betão, então um guri gordinho do centro e mais velho 4 ou 5 anos que nós, já vinha com botões para trocar, estava conhecendo ali Gilberto Pereira, o Betão.

Os anos 70 foram assim, Colégio São Francisco, futebol na calçada e Botão, muito botão, recortar número de folhinha e colar com durex, usar a Placar, mas o que arrebentava eram as figurinhas de passar lá na loja do seu Martinez, cara, eram figurinhas de passar com água de tudo que era time,Vasco, Flamengo, São Paulo, os mesmos botões podiam ser um time pela manhã e a tarde outro, muito legal!

Depois os Decadry, nossa que idéia, cartela com letras, números, tudo, era só passar a caneta. Quando tudo se completava, dava gosto de ver, todos com distintivo, número e nome, dava trabalho mas era muito bom, quantas saudades!!

Início de 79, outra mudança mas de novo para a Rua Dom Bosco, agora o número era 227 antes 235, mesma quadra, hora de rever amigos ali antes deixados, Volmar e seus irmãos, que legal todos jogavam botão, eram novos adversários.

Em outra rua, mas perto, morava um garoto, Mário Gilberto Constantino, que após ir a minha festa de 15 anos se tornou um grande amigo.

Mané, como todos o conhecem até hoje, jogava botão em casa, mas com outros amigos, o qual grupo me juntei para passar horas jogando botão.  Só para ter uma idéia meu pai chegava a  ir nos buscar, eu e o meu irmão, por volta da uma da manhã na casa do Mané, bons tempos, ali peguei mais gosto, era mais disputado, mais gente jogando, bons campeonatos.

Em outubro de 1979, fui ao escritório do meu irmão no centro da cidade, era na Galeria São Pedro e ao lado ficava o Joquey Club da cidade.

Vi então entrando e subindo as escadas ele, Gilberto Pereira, o Betão, então subi atrás para falar com ele e olhei uma coisa que me deixou abobado, mesas e mesas de botão, que no mínimo eram mais que o dobro da que a gente jogava lá no Mané, bah!!! Nem sei, mas fiquei eufórico e fui falar com o Betão, regra brasileira disse ele, aqui é trave alta e goleiro em pé, o seu Gelson estava lá.

Eu pensei, pô, nas pequenas eu já meto gol, aqui vai ser barbada, me fui pra casa, depois eu vi que não era tão fácil assim.

Nesta época tinha um cara na Colombo, o Amauri, que fazia os botões a mão, vou explicar, o cara cortava o acrílico com serra e colava com araldite, mas por ficar marca de cola, descobriu o clorofórmio. Ele colava então as rodas de acrílico e fazia o botão raspando vidro, até chegar em um botão do tamanho que a gente queria ele fazia muito calo nos dedos, imagina, não tinha torno e o levante feito raspando com vidro, era um gênio e grande amigo.

O Amauri não tinha time igual pra vender e eu bem louco fui na casa do único amigo que tinha um time todo igual, o Gaspar, e após deixar na casa dele mais de 20 botões, Leoni, Osso e Amauri, saí com um time branco com duas listas uma verde e outra vermelha, nascia o Fluminense pra regra brasileira, este time tinha somente dois cavadores.

Então comecei a jogar na taça de prata de 79 da A.R.F.M., lá comecei fazendo novos amigos. Clair Marques, o objetivo a ser batido, Ademir, um próspero jovem, Jair o Barbudo da Holanda, seu Eli Maciel, o brincalhão, os irmãos Mello, os dois tinham cara de brabo e Luiz Alfredo deBoer, o crânio, este fazia campeonato colocando números em papel de pão e quando terminava as combinações era só jogar, grande amigo.

Ao término o deBoer foi campeão da Taça de Prata e eu me coloquei entre os oito melhores.


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essa é de 79, olha eu ali, hehe !!!

Em 80 já iniciava em campeonatos, com nada menos que o Centro Sul daquele ano, nossa, gente de todo lado. Rio, Vitória, Sta Catarina, Pelotas, Porto Alegre, muita, muita gente, claro muitas amizades.

Puxa que história,  a medida que escrevo vou relembrando. É, esse é o futebol de mesa em minha vida.

Em 1981, organizamos o Estatual, e mais amigos chegando, Montenegro, Canguçu, Passo Fundo, Livramento e por aí afora.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A.R.F.M estadual 1981:  em pé Monteiro, Ronir, César, deBoer, Mané, Edio e Clair.
Agachados: Roberto, Betão, Ademir, Átila, Ruy (meu irmão gêmeo) e Barcelos.

A partir desse ano nasce o maior pescador de vagas da A.R.F.M., eu, onde quer que vai ter um campeonato, lá estava eu classificado ou não, viajava para rever meus amigos de botão, muito Fronteirão, Mergulhão, Lagoão e Vovozão eu joguei e então chega o ano de 1984, bah o ano de tudo, o meu ano.

Começou com a chegada em janeiro do meu time do Cruzeiro feito em Sergipe pelo Antonio Oliveira e com o Brasileiro em Livramento e eu pescando, consegui então uma vaga e fui avançando até ser eliminado nas oitavas pelo Sergio do Continental do Rio de Janeiro, foi a melhor campanha da A.R.F.M., já fiquei orgulhoso com os parabéns de grandes feras em especial do meu amigo Figueira, um amigo muito considerado, que disse, parabéns, jogasse muito escudeiro, era assim que o deBoer me chamava, escudeiro.

No campeonato da cidade ao fim das etapas do ano, chegávamos aos 10 finalistas: Ronir, Mané, Gelson, Clair, Monteiro, Betão, deBoer, Perazzo, Olinto e Ademir.

Depois de jogarmos todos contra todos, o Ademir foi o Campeão, o Mané o vice e eu o terceiro, o que me credenciava a jogar pela primeira vez classificado o Estadual Especial lá em Passo Fundo.

O deBoer foi com a família, ele iria assumir a União Gaúcha como era chamada antigamente a Federação e eu fui com ele, quando entrei no carro ele me olhou e disse, escudeiro, sonhei que tu tinhas ganho o campeonato (ao escrever isto juro que parei alguns momentos e marejei os olhos, meu amigo deBoer, embora com defeitos como todos os mortais, um grande amigo e lembrado por muitos).

Às 9:00 de uma quinta-feira, partimos e ao errar o trevo, e andarmos muito em vão, chegamos depois da meia noite em Passo Fundo.

No outro dia o deBoer foi informado que a mudança da diretoria só seria no próximo ano, o que deixou o gordo irritado e com a família foi embora para Porto Alegre, e portanto não viu o sonho se realizar.

Fui avançando no campeonato com jogos bons e somente uma derrota pro Ivo, juro que lá, muitos ouviram Robeeeerrrrto Batata, é gente, o bordão é meu, o meu grande amigo Zilber ajudou a perpetuá-lo, e diga-se, na voz dele é muito melhor.

A semifinal. Rudinei Custódio, o cara que com 16 anos já era campeão, agora com 21 jogava muito, teve a bola do jogo, dentro da meia lua com botão de frente pro gol e como que com os olhos desse pra tirar, a bolinha deu na trave, sorte, claro, baita sorte, mas pra ser campeão acho que também tem que ter sorte.

O jogo continuou bom, depois do meu deslize consegui me arrumar e cobrindo tudo fui para a prorrogação onde venci por 2x0, depois deste jogo me isolei um pouco e fui pensar num canto, poxa meu, final contra Sergio Pierobom, um cara já campeão estadual e que seguido me enfiava nos amistosos que vinha jogar aqui em Rio Grande, pensei bom, só não posso levar goleada na final.

O Pierobom jogava de liso, mas não pensem que não encarava os cavados, pois chegou a final jogando contra vários, claro que devido as mesas os botões trancavam, mas jogava muito. O Clair me disse antes do jogo, marca os pontas e eu marquei, resultado, Pierobom cava, fecha o porco e 1x0, a partir disso não marquei mais os pontas, fiquei com todo mundo lá atrás e mandando bola pro campo dele, até que no fim do primeiro tempo cavei um lateral e porco nele, 1x1.

No segundo tempo um acontecimento inusitado, coloquei uma bola colada no meu cavador dentro da meia lua de frente pro cavador do Pierobom, que da uma paulada a meio e a bolinha vai parar nos cabelos crespos e cor de fogo do Pierobom, pênalti, bah 2x1, gol certo , vibro ou não vibro e eu não sei porquê errei, uma voz foi ouvida, acaba com ele agora, não precisava, eu mesmo tinha acabado comigo, pô, errar um pênalti na final.

Mas o jogo seguiu e eu abalado com todos me olhando aguentei a pressão e no fim do jogo consegui uma jogada de chute pela ponta que ele precisou jogar com um botão no meu campo, e aí pra mim a explicação de tudo, um escanteio dois toques o relógio toca o fim do jogo, eu olho pro juiz Victor de Livramento e ele avisa na mesa da final, dois toques, agora todos que não acreditavam mas viram eu errar o pênalti e que em algum momento pensaram tá morto, estavam olhando.

Último lance, todos olhando, bato perto da meia lua e todo mundo olhando, me posiciono e olho o Roberto Batata marcado, ao seu lado quase colado Dirceu Lopes, vamos Dirceu, ao gol 10 e com todo mundo olhando, o cara que errava um pênalti na final ganhava no último chute o Campeonato Estadual de 1984, muitos nem jogavam nesta época, mas isso é o futebol de mesa gente, do inferno ao céu, só me restou sair correndo, pra rua e sentar numa calçada a umas duas quadras depois e esperar cair a ficha pra voltar, é bom ser campeão.

O Clair foi o primeiro campeão da Taça RS em 80 e eu em 1984 o primeiro Campeão Estadual, isso na volta me rendeu entrevistas em rádios e até na TV, mas a primeira coisa que fiz quando cheguei, foi esperar na frente da casa do deBoer ele chegar e dizer, aí gordo, o sonho foi realizado, ele realmente ficou agradecido, me abraçou e disse, eu te falei escudeiro.
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como as vagas eram nominais, lá em Passo Fundo no Estadual, tinha que dar o nome de quem disputaria a Taça RS daquele ano e como o Ademir não poderia ir por causa de serviço o nome do Mané e o meu foram dados para jogar a Taça RS de 1984, e eu sem falsa modéstia comentava com o Mané, já pensasse ganhar a Taça e o Estadual no mesmo ano, ele disse sonha, quem vai ganhar a Taça sou eu.

Então agora em Pelotas do céu ao inferno, fui informado, mais ou menos assim, as vagas para o Brasileiro eram nominais e se eu jogasse e ganhasse a Taça RS, o Estado perderia uma vaga, acho que foi assim, então a A.R.F.M. foi representada só pelo Mané e eu olhando.

Então chega o Brasileiro na Bahia, e o passeio foi muito bom, já o futmesa, o normal de sempre, duas etapas somente e muita piscina e visita as praias.

Em 1985, mais um Estadual em Pelotas, no gabarito de ter sido Campeão em 1984, tinha vaga garantida, mas caí na primeira fase, até hoje brinco com o Figueira, que devido as datas ele fez o campeonato em julho, portanto só tive 11 meses de título.

Em 1986 mais um brasileiro, desta vez em Pelotas, mas só passeio e rever os amigos, eliminado de 32 pra 16.

Relato que neste Campeonato Brasileiro, conheci um cara fora de série, muito amigo, ele já jogava, mas só conheci Osmar Iost Junior em 1986 e fizemos uma grande amizade, eu ele e o Mané daríamos muitas risadas daí pra frente.

Neste ano também joguei o centro sul em Vitoria perdendo nas oitavas de final para o Emanuel que seria o vice do Roberto Larossa, mas eu e meu agora amigão Osmar passeamos muito.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasileiro de Pelotas 1986, que saudades...

A partir deste ano o deBoer fundou o Departamento de Futebol de mesa do S C Rio Grande, para onde eu e o Mané fomos jogar.
 
Entidade nova, novos jogadores, ali surgiriam o Sergio Gonçalves, que eu já conhecia do tempo dos puxadores, o Áureo que era da nossa zona, o Carlos medusa, o Chambinho, o Duda, o Emir, o Mario Ribeiro que toda vez que me vê diz, Ronir meu mestre, o Casquete, o Almeida e os dois mais feras e pesquisadores de Futebol de Mesa que eu conheço, Alex Degani Reis e Cristian Baptista.

Segui pescando umas vagas por aí, e chega 1989, neste ano a Taça RS será realizada em Passo Fundo, a cidade que me deu o maior triunfo neste esporte. Como ganhar o Estadual lá me tirou a chance de jogar a minha primeira Taça RS, para mim lá o destino faria as pazes comigo.

Mas o ano não começou muito bem, no dia 12 de março, jogando uma partida de futebol amador (outra paixão, o time amador do Palmeira FC, onde comecei jogando no famoso dente de leite em 77), tive a Tíbia e o Perônio quebrados em uma jogada desleal, começa assim o ano da superação.

Quando comecei a poder usar as muletas para sair, depois de uma operação e que me deu uma placa de platina e oito parafusos, o interno já estava na terceira etapa e mesmo ganhando as outras não conseguiria ser vice. No fim do campeonato, campeão o Áureo e vice o Baldino, eu la pelo sétimo ou oitavo.
 
Um ano antes em 88 o Sergio tinha sido vice da taça e o Áureo quarto.

Quando o Áureo disse que queria me dar a vaga dele, o deBoer quase enlouqueceu, dizia como o nosso melhor botonista quer ser cavalheiro numa hora destas, jogando bem e com changes de ganhar, mas o Áureo foi irredutível na decisão, não jogaria a Taça RS daquele ano, queria que a vaga fosse minha.

O deBoer então resolveu fazer um torneio com todos que quisessem jogar a taça e foi então eu, o Mané, o Jorge Velho, o Damas, o Roberto, o Sergio e mais dois ou três jogamos o torneio, na final eu contra o Mané, outro ato de companheirismo do meu amigo, ele disse, deBoer não vou jogar a final, quero que o Ronir vá jogar, então nada mais restou do que deixar eu e o Baldino ir a Taça RS de 1989.

Antes de partir para Passo Fundo, fui até a casa do deBoer e disse, gordo, lá me tirou a chance de jogar uma Taça, e lá eu vou trazer essa pra mim e pra ti, o gordo simplesmente disse boa sorte escudeiro.
Antes da semi-final, para me classificar precisava ganhar do Marcelo CEPEL, para passar direto, mas o meu empate e vitória no jogo entre Cesar e Careca e eu estaria fora.

Mais uma vez a sorte conspira para mim, eu empatando e eles na mesa ao lado combinaram que se estivesse empate o meu jogo e o deles, um dois toques para cada um no fim do segundo tempo e seja o que deus quiser, mas um não passou bem e o outro de nervoso perdeu o segundo toque, empate deles e meu também, mas eu na semi contra o Pierobom de novo, ele iria se vingar. Não 2x0 Cruzeiro eu na final contra o Wladimir da AFUMEPA. Perto do fim do jogo uma cobertura curta dele e o Dirceu Lopes (ele de novo) lá na lateral do meu campo, chute por cima do goleiro e 1x0, pessoal, eu acreditava realmente que me tirando a chance de jogar em 84 eu seria campeão lá, e não deu outra, eu era Campeão da Taça RS de 1989.

Em 90 brasileiro no Rio de Janeiro e os amigos todos de novo, novamente muito passeio (principalmente no sitio do Martins depois do campeonato) e pouco jogo.

Depois 90 termina em Livramento com o meu grande amigo Osmar conquistando a Taça RS e eu passando o titulo para ele.

Em 91 ainda seria vice por equipes em Sta Vitoria, pelo Rio Grande.

Depois com a fundação da AFUMERG e o deBoer ter me dito que meu nome tinha sido vetado na diretoria, e consequentemente o fim do Departamento do Rio Grande mais adiante, eu fui obrigado a dar um tempo  e  os mais novos Cristian , Carlos, Mario, Duda seguiram, acho que até 96, depois também foram para a AFUMERG.

Retornei para a A.R.F.M., acho que em 96 ou 97 e de volta as pescarias de vagas para encontrar os amigos, nesta época a AFUMERG se destacava com aqueles guris do Rio Grande, Duda, Alex e Cristian despontando por um bom tempo nas páginas do futebol de mesa.

A A.R.F.M., continuava a perseguição de títulos e chegava nos anos 2000, com colocações de vice a quarto nos campeonatos anteriores, em 2001 eu conseguia um quarto lugar na taça RS, um bom resultado em anos. E na temporada de 2002/2003, pela primeira vez era campeão da A.R.F.M. e repetiria em 2003/2004, com o BI, mas no Estado só um pescador.

Então em 2006, com meus amigos Alex, Silvio e Ivan, partimos para Porto Alegre em busca do sonhado especial de equipes, então sem favoritismo nenhum, passamos as semi finais derrotando as três de pelotas e mais guaiba, nos habilitando a disputar pelo empate com a anfitriã FRANZEN, uma vaga na final.

A final foi contra o COPA de Porto Alegre e assim com o empate ficamos com o titulo. Meus amigos vibraram muito e eu alcançava mais um titulo, com uma boa campanha, a satisfação de ter o meu troféu sido entregue por ninguém menos do que Paulo Schemes, e de suas palavras de que eu era um dinossauro do futebol de mesa, só me encheram de alegria.
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Depois disso, até agora, só o quarto no sênior de 2010 e alguns torneios, como o sênior interno de 2009 e 2011 e o Lagoão de São Lourenço, lá um sênior em 2008, com 44 anos, (eles deixaram eu jogar), e dois vices jogando agora na livre, em 2009 perdi pro Marcelo Vinhas e 2010 pro cara que se lembrou de mim para este Cromo, Cristian Baptista, o cara mais sem sangue que eu já vi jogar, o mais frio sem dúvida.

Bom meus amigos muito da minha história está contada nestes trechos, não conseguiria escrever todos os nomes dos amigos feitos pelo caminho, daria mais um bocado de páginas, pois são muitos mesmo e também escrever todas as histórias presenciadas nestes mais de 32 anos de futebol de mesa e digo pra todos, ainda me lembro de muitas, mas vou contar três.

No Campeonato Brasileiro de 84 jogavam o Sergio do Rio de Janeiro, contra o alguém que não lembro de Sergipe. O Sérgio pede a gol do fundo e o sergipano pergunta é queixo duro e o Sérgio responde, é, o sergipano deita o goleiro e o Sérgio chuta com um batão, acho que uns dez graus e a bola entra por cima do goleiro, gente o cara saiu gritando queixo duro um C........e foi gente agarrando o sergipano outros agarrando o Sergio e olha, uma das primeiras confusões que vi em brasileiro, nossa que tempo bom.

A outra foi no fronteirão, acho que 85, eu e o folclórico João Carlos jogávamos uma quarta de final e ele foi sair jogando e fez falta no meu botão em cima da linha da grande área dele, o juiz disse pênalti e o João Carlos disse, não, quando a falta é em cima da linha e não dentro da área, a falta é no bico da grande área, eu olhei pra ele e disse, que tais loco é pênalti, e ele me olhou e disse, é, o juiz é novinho de repente dá certo, hehehe, riu ele, esse eu não errei.

Uma vez na ARFM, jogando contra o Douglas, devolvi uma bola com meu lateral esquerdo levantador para a lateral do lado oposto do Douglas, este puxou um botão e eu pedi a gol, o Serginho que tava fumando um cigarrinho olhou por trás de mim e viu aquela baita virada e disse, se tu fizer esse tu é mágico, hoje sem falsa modéstia o Serginho conhece um mágico, hehehe....

Para terminar, falo um pouco da minha casa, sim a ARFM, nossa casa, no momento o objetivo a ser batido no estado e daqui apouco com certeza no Brasil afora, agradeço a estes meninos que eu vi crescer e hoje são homens que me aceitam com minhas brincadeiras e frases, quem nunca ouviu “jogo muito esse jogo”, “aqui vocês tem professor”.

Que venha o desafio dos lisos, estou aí pra isso, ser desafiado.

Um sincero abraço a todos os meus amigos e até breve.
 
Muito obrigado.